O fim da Ame Digital é agora oficial, após o Banco Central (BC) aprovar, nesta quinta-feira (06/11), o cancelamento da licença de Instituição de Pagamento (IP) da fintech controlada pela Americanas. O pedido havia sido protocolado em julho deste ano. Agora, a decisão marca o encerramento definitivo das atividades financeiras do grupo varejista, dois anos após a obtenção da licença regulatória.
De acordo com as informações publicadas no Diário Oficial da União, a Ame não conseguiu concluir negociações para venda de seus ativos. Isso inclui o CNPJ e a licença de IP. Em relatório financeiro, a instituição admitiu que, após diversas rodadas de interações com potenciais interessados, não houve oferta firme de aquisição dos ativos da Ame. O desfecho confirma o plano de descontinuidade de negócios validado junto ao regulador no primeiro semestre de 2025.
Fim da Ame Digital reflete trajetória conturbada
Criada em 2018, a Ame surgiu como uma carteira digital para o ecossistema da Americanas, expandindo-se rapidamente para uma plataforma de serviços financeiros. O projeto chegou a incluir a compra de empresas como Parati Financeira, Bit Capital e Nexoos. Era uma aposta em modelos de banking as a service e crédito digital. A crise contábil bilionária da Americanas, no entanto, desmontou a estratégia. Desde então, a controladora busca simplificar operações e concentrar esforços em áreas de fidelização e consumo.
A própria Americanas informou que já incorporou parte da equipe e das atividades da fintech. “Parte do time e das atividades que não são escopo de instituição de pagamento da Ame Digital serão transferidos para Americanas”, declarou a companhia.
A decisão ocorre em meio a um ambiente de consolidação no setor de fintechs, marcado por maior rigor regulatório e redução de margens operacionais. A extinção da Ame Digital, portanto, reduz riscos e simplifica a estrutura da Americanas em meio à recuperação judicial.
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Reorganização digital da Americanas
O fim da Ame Digital simboliza uma nova fase estratégica para a Americanas, que vem enfrentando crises sucessivas após delações. Ao abandonar a ambição de manter uma fintech independente, a empresa redireciona recursos para programas de fidelidade e integração tecnológica com o varejo físico e digital.
A retirada da Ame do mercado financeiro sinaliza que o foco futuro da varejista estará em eficiência operacional, geração de caixa e fortalecimento da marca, elementos centrais para sua reestruturação e sobrevivência no pós-crise.










