O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy deixa prisão nesta segunda-feira (10/11), menos de um mês após ser condenado a cinco anos por financiamento ilegal de campanha com recursos do regime líbio. A Corte de Apelações da França aceitou o pedido da defesa e concedeu liberdade provisória sob supervisão judicial, até o julgamento de um recurso ainda sem data definida.
O ex-presidente, de 70 anos, foi detido em 21 de outubro (21/10) e se tornou o primeiro líder francês moderno a cumprir pena em regime fechado. A decisão impõe restrições como a proibição de deixar o país e de manter contato com testemunhas e réus. Em videoconferência, Sarkozy afirmou que a experiência foi “muito dura” e agradeceu aos funcionários do presídio que, segundo ele, “tornaram o pesadelo suportável”.
Nicolas Sarkozy deixa prisão sob vigilância judicial
A defesa argumentou que o ex-presidente não apresenta risco de fuga, sustentando que ele sempre colaborou com as investigações. Portanto, Sarkozy deixa a prisão sob inspeções regulares enquanto o processo tramita. A Promotoria, por outro lado, sustenta que sua campanha presidencial de 2007 recebeu verbas ilegais do governo de Muammar Kadhafi, em troca de apoio político e diplomático.
As provas incluem depoimentos de ex-dirigentes líbios, transferências de dinheiro, viagens de ministros franceses à Líbia e anotações do ex-ministro do Petróleo Shukri Ghanem, encontrado morto em 2012. O tribunal também julgou o ex-ministro do Interior Claude Guéant, condenado por corrupção, e Brice Hortefeux, por associação ilícita, enquanto absolveu o tesoureiro da campanha, Éric Woerth.
Quem é Nicolas Sarkozy
Nicolas Sarkozy governou a França entre 2007 e 2012, liderando um governo liberal-conservador marcado por reformas econômicas, endurecimento das políticas migratórias e protagonismo internacional. Teve papel decisivo na intervenção da Otan na Líbia, em 2011, que resultou na queda e morte de Kadhafi.
Antes de chegar ao Palácio do Eliseu, foi ministro do Interior e das Finanças. Carismático e polêmico, construiu imagem de político pragmático e de alta exposição midiática. Após deixar o poder, enfrentou diversos processos por corrupção e abuso de influência, o que enfraqueceu sua projeção dentro da direita francesa.
Condenação e debate político na França
A libertação de Nicolas Sarkozy reacendeu o debate sobre a independência do Judiciário francês e a responsabilização de ex-chefes de Estado. O ex-presidente afirma ser alvo de perseguição política e promete enfrentar o processo “de cabeça erguida”. Ele já havia sido condenado no “escândalo das escutas”, mas cumpriu pena domiciliar com tornozeleira eletrônica.
O novo processo é mais severo, com acusações de corrupção internacional e associação criminosa, ligadas ao suposto financiamento líbio. O caso ganha peso histórico porque a França teve papel central na derrubada de Kadhafi, e as conexões políticas entre Paris e Trípoli seguem sob escrutínio público.
Repercussões e impactos políticos da libertação de Nicolas Sarkozy
A libertação de Nicolas Sarkozy amplia as implicações do caso e mantém a pressão sobre o sistema judicial francês. Analistas afirmam que o episódio testa os limites entre rigor legal e estabilidade institucional, num momento de descrédito político na França.
Mesmo deixando a prisão, Nicolas Sarkozy segue sob vigilância e poderá retornar ao cárcere se o tribunal confirmar a condenação. A decisão de soltura, vista como tentativa de equilíbrio entre prudência e autoridade, marca mais um capítulo de um processo que mistura política, diplomacia e justiça. E além de tudo, mantém em aberto o destino de um dos nomes mais influentes e controversos da política europeia recente.










