No empreendedorismo, inovação muitas vezes nasce da junção entre necessidade e simplicidade. E foi isso que deu origem ao telefone retrô Bluetooth, criado pela empreendedora americana Cat Goetze. A ideia surgiu quando ela tentou reduzir a própria dependência do smartphone e adaptou um aparelho antigo encontrado em um brechó. A empreendedora transformando-o em um dispositivo capaz de atender chamadas por meio de Bluetooth. O protótipo manteve a estética vintage, mas recebeu conectividade atual.
A apresentação pública do protótipo, feita em julho deste ano, mostrou que o interesse ia além da curiosidade. Em três dias, as pré-vendas ultrapassaram US$ 120 mil (cerca de R$ 630 mil).Impulso que levou o faturamento acumulado a US$ 280 mil (cerca de R$ 1.480 milhões) até outubro.
O volume superou a estrutura inicial e motivou a criação da Physical Phones, empresa que passou a escalar a produção com apoio de um fabricante responsável pelos primeiros lotes previstos para dezembro. A própria Goetze descreve o efeito como “capturar um raio dentro de uma garrafa”, expressão atribuída ao alcance inesperado do projeto.
Telefone retrô Bluetooth chega ao mercado em cinco modelos
A nova fase comercial inclui cinco versões vendidas entre US$ 90 e US$ 110, todas conectadas a iPhones e Androids. As chamadas recebidas pelo smartphone, inclusive via WhatsApp, FaceTime, Instagram e Snapchat, são transferidas para o aparelho físico, enquanto a tecla ‘asterisco’ aciona o assistente de voz. A proposta reúne funções básicas sem abrir espaço para distrações típicas dos aplicativos.
Goetze passou dois anos aprimorando o design até chegar ao formato atual. Segundo ela, a nostalgia do telefone clássico complementa o objetivo funcional: criar uma experiência de uso mais calma, com interação reduzida, mas sem perder a praticidade de ligações e comandos essenciais.
Bem-estar digital sustenta avanço do telefone retrô Bluetooth
O interesse pelo produto se apoia em mudanças de comportamento amplificadas após a pandemia. Período, inclusive, marcado por consumo elevado de vídeos curtos, notificações frequentes e conteúdos gerados por IA. Goetze observa que “nossa atenção está mais curta, estamos mais ansiosos e menos presentes”, percepção atribuída a ela e associada ao cansaço acumulado pelo uso intensivo de telas.
A estética retroativa também ganhou peso emocional. A sensação tátil, o formato clássico e o ato físico de discar criam uma ruptura simbólica com a lógica dos feeds infinitos, reforçando a ideia de presença e foco. Esse conjunto ajuda a explicar por que o modelo se transformou rapidamente em um produto de nicho com demanda concreta.
Novas possibilidades para o aparelho nostálgico
O avanço do telefone retrô Bluetooth dialoga com um mercado que tenta equilibrar tecnologia, bem-estar e controle da atenção. A expansão futura da Physical Phones dependerá da capacidade de ampliar modelos e sustentar relevância em um ambiente dominado por conteúdos automatizados. Tendência que reacende o interesse por dispositivos físicos que devolvem previsibilidade ao cotidiano.
Nesse cenário, o produto de Goetze surge como alternativa para consumidores que buscam organizar o ritmo diário e limitar estímulos. Consolidando uma leitura de mercado que tende a ganhar espaço nos próximos ciclos.











