O Pix parcelado saiu da agenda imediata do Banco Central (BC) após a decisão anunciada na última quinta-feira (04/12) durante encontro do Fórum Pix. A autoridade optou por não avançar com a regulamentação da modalidade, que tinha previsão inicial de lançamento neste ano, e ainda proibiu o uso do nome oficial pelas instituições financeiras. A mudança altera a rota esperada por bancos, fintechs e pelo próprio mercado de meios de pagamento.
A retirada do projeto ocorre depois de sucessivos adiamentos. O BC originalmente programou lançamento para setembro, porém nenhum dos cronogramas foi cumprido, mesmo após ser adiado para outubro, depois novembro. Segundo um interlocutor ligado às discussões, a decisão surpreendeu parte da equipe técnica envolvida. Enquanto isso, o serviço continua sendo oferecido por instituições sob nomenclaturas alternativas como “Pix no crédito” e “parcelamento do Pix”.
Pix parcelado: o que é e como funciona
Trata-se de uma modalidade de crédito utilizada dentro do ecossistema do Pix, na qual o cliente financia uma compra em parcelas, enquanto o estabelecimento recebe a quantia integral imediatamente. O recurso se tornou atrativo para bancos e fintechs por unir conveniência, liquidação instantânea e novas fontes de receita.
Entre as principais características e funcionalidades do Pix Parcelado, temos:
- Liquidação à vista para o vendedor: o valor total é creditado imediatamente, reduzindo necessidade de antecipação.
- Crédito direto ao consumidor: o cliente assume parcelas mensais, definidas após análise de perfil e limite.
- Taxas variáveis: hoje variam de 1,59% a 9,99% ao mês, podendo ser maiores ou menores conforme risco do tomador.
- Flexibilidade operacional: cada instituição define prazos, condições e eventuais encargos.
- Integração ao Pix: utiliza a estrutura de pagamento instantâneo já amplamente adotada no país.
A modalidade parcelada do Pix já era algo já oferecido por instituições financeiras e fintechs, mas de forma independente. Nesse contexto, especialistas e representantes do setor financeiro mencionaram que, entre as vantagens do recurso, as principais incluem:
- Redução de custos de adquirência em comparação ao parcelado tradicional.
- Expansão de alternativas para o varejo, sobretudo para pequenos negócios.
- Operação simples, com confirmação imediata e rastreamento automatizado.
- Ampliação da competição entre provedores de crédito digital.
Riscos e críticas ao abandono das regras do Pix parcelado
A ausência de regulamentação reforçou a preocupação de entidades de consumo. O Instituto de Defesa de Consumidores (Idec) afirma que a decisão deixa usuários sem parâmetros claros sobre taxas, limites ou consequências de inadimplência.
Para a consultora Viviane Fernandes, o BC não apresentou justificativa técnica e gerou um ambiente em que “cada instituição atuará conforme seu apetite de risco”, o que dificulta até a criação de materiais padronizados de orientação financeira. Como o mercado já operava sem diretrizes, especialistas avaliam que a heterogeneidade das condições tende a se aprofundar.
Panorama ampliado do crédito digital
O recuo do BC fortalece a expansão de produtos de crédito oferecidos pelas próprias instituições, que seguem investindo em modelagens próprias e integração ao Pix. Apesar do ganho de agilidade, a ausência de um padrão unificado abre espaço para práticas irregulares e amplia a necessidade de monitoramento. No médio prazo, a oferta de alternativas ao Pix parcelado pode influenciar novas discussões regulatórias à medida que o crédito instantâneo ganha escala no país.











