A taxa condominial no Brasil acumulou alta de 24,9% em três anos e alcançou média de R$ 516 no primeiro semestre de 2025, segundo o Censo Condominial 2025/2026. O dado, divulgado pela plataforma de gestão condominial uCondo, com apoio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Receita Federal, sintetiza um período de pressão contínua sobre os custos de moradia coletiva e ajuda a explicar o avanço simultâneo da inadimplência entre moradores.
Além disso, o levantamento aponta que o país soma 327.248 condomínios ativos, onde vivem cerca de 39 milhões de pessoas. Nesse universo, a elevação taxa condominial ocorre em paralelo ao aumento do endividamento das famílias, contexto que altera prioridades no orçamento doméstico e afeta diretamente o fluxo de caixa dos condomínios.
Taxa condominial e estrutura de custos
O reajuste da taxa condominial reflete o encarecimento de despesas recorrentes do condomínio, que afetam diretamente o valor final do rateio mensal. Segundo o censo, os principais pontos de pressão são:
- Custos operacionais fixos, como portaria, limpeza e zeladoria, que exigem pagamento contínuo.
- Manutenção predial, incluindo elevadores, portões, sistemas hidráulicos e elétricos.
- Serviços terceirizados, com contratos reajustados ao longo do período.
- Consumo coletivo, especialmente água e energia, que variam conforme uso e tarifas.
De acordo com Léo Mack, diretor de Operações e cofundador da uCondo:
“Esse salto está ligado ao cenário econômico mais amplo, que registrou recordes de endividamento das famílias brasileiras”.
Leia também: Balancete mensal dos condomínios: Síndicos deverão entregar por obrigação legal
Inadimplência e efeito direto no caixa
Com a taxa de condominial mais cara, o atraso no pagamento ganhou escala. A inadimplência acima de 30 dias chegou a 11,95%, o maior nível da série analisada. Esse quadro afeta o funcionamento cotidiano do condomínio porque reduz previsibilidade de receitas.
- Comprometimento do caixa, dificultando o pagamento de fornecedores e funcionários.
- Postergação de manutenções, o que pode gerar gastos maiores adiante.
- Aumento de conflitos internos, sobretudo em assembleias e cobranças diretas.
Para Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin), a taxa condominial “acaba ficando muitas vezes para um segundo momento” quando o orçamento doméstico está apertado.
O que muda quando a dívida vai para o jurídico
O avanço da inadimplência elevou também o risco jurídico para moradores em atraso. A legislação permite respostas mais rápidas por parte dos condomínios, o que altera a dinâmica da cobrança. Na prática, isso significa que:
- A dívida cresce automaticamente, com aplicação de multa e juros previstos em convenção.
- A cobrança pode ir direto para execução, sem fase prévia para discutir a existência da dívida, conforme o Código de Processo Civil de 2015.
- O imóvel pode ser atingido em último caso, já que a dívida condominial admite penhora.
Segundo Rodrigo Palacios, sócio da área de Direito Imobiliário do Viseu Advogados, esse formato jurídico reduziu o tempo entre o atraso e a ação judicial.
Leitura da taxa condominial no cenário atual
A trajetória da taxa condominial indica um período de maior atenção à gestão financeira dos prédios. Com mais de 308 mil chamados registrados neste ano, segundo o Censo Condominial 2025/2026 (28% ligados a reclamações), síndicos tendem a reforçar planejamento, renegociação de contratos e transparência. Nesse contexto, o valor da taxa de condomínio passou a funcionar como indicador direto da capacidade de organização e equilíbrio financeiro dos condomínios brasileiros.











