O Índice Geral de Preços ao Consumidor quinzenal (IPCA-15) de dezembro fechou 2025 com inflação acumulada de 4,41%, após alta de 0,25% no mês. É o que informa o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística no seu relatório divulgado nesta terça-feira (23/12). O resultado indica que, apesar do alívio observado em parte dos preços ao longo do ano, os gastos cotidianos das famílias continuaram pressionando o custo de vida no encerramento de 2025.
A prévia de dezembro mostra que a inflação não se espalhou de forma homogênea pela economia. Os reajustes permaneceram concentrados em itens recorrentes do orçamento, ligados à mobilidade, vestuário e serviços urbanos, o que ajuda a entender por que o índice encerrou o ano em patamar elevado.
IPCA-15 de dezembro: onde os gastos do dia a dia mais pressionaram
A decomposição do IPCA-15 de dezembro revela que os principais focos de alta estiveram em despesas difíceis de cortar no curto prazo. Transportes e vestuário concentraram aumentos relevantes e sustentaram a inflação no fim do ano. Segundo o índice:
- Transportes avançaram 0,69% em dezembro, com o maior impacto no índice mensal
- Passagens aéreas subiram 12,71%, maior contribuição individual do mês
- Transporte por aplicativo registrou alta de 9,00%, refletindo pressão contínua dos serviços
- Vestuário cresceu 0,69%, com reajustes distribuídos entre roupas infantil, feminina e masculina
Esses itens compõem gastos frequentes do consumidor urbano e ajudam a explicar por que a inflação seguiu elevada mesmo sem choque generalizado de preços.
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O que evitou uma inflação ainda maior, segundo IPCA-15 de dezembro
Embora os gastos do dia a dia tenham mantido pressão, o IPCA-15 dezembro também mostrou vetores claros de contenção. Bens duráveis, energia e alimentos consumidos em casa atuaram como contrapeso ao longo do mês.
- Artigos de residência recuaram 0,64%, puxados por quedas em eletrodomésticos e eletrônicos
- Energia elétrica residencial caiu 0,22%, influenciada pela mudança da bandeira tarifária
- Saúde e cuidados pessoais apresentou variação próxima da estabilidade
- Alimentação no domicílio caiu 0,08%, no sétimo mês consecutivo de recuo
Esses movimentos indicam que a pressão inflacionária de 2025 não veio dos itens básicos, mas de despesas urbanas recorrentes, menos sensíveis à desaceleração econômica.
Leitura ampliada da inflação
O comportamento do IPCA-15 de dezembro reforça que a inflação de 2025 foi sustentada por gastos cotidianos, como transporte, mobilidade e serviços pessoais, que seguem pesando no orçamento das famílias. Mesmo com alimentos e bens industriais sob controle, esses segmentos mantiveram pressão constante sobre o índice. Além disso, a heterogeneidade regional (com altas mais intensas em capitais como Porto Alegre e retração em Belém) aponta para um quadro inflacionário desigual.
Portanto, em 2026, a trajetória da inflação medida pelo IPCA-15 dependerá, sobretudo, da acomodação desses gastos recorrentes, hoje o principal foco de rigidez dos preços no país.











