O preço da platina caminha para o maior salto mensal em quase quatro décadas ao avançar 33% em dezembro, segundo dados da LSEG, a bolsa de valores de Londres, no fechamento desta terça-feira (30/12). A alta ocorre em um mercado que vinha de anos de desempenho irregular e ganha novo impulso após a União Europeia revisar o plano de eliminação definitiva dos motores a combustão a partir de 2035.
Na segunda-feira, o metal atingiu US$ 2.478,50 por onça (aproximadamente R$ 12.400, considerando um câmbio próximo de R$ 5,00). Com isso, a valorização acumulada em 2025 chega a 146%, o maior crescimento anual já registrado. Portanto, superando episódios de alta observados desde o fim dos anos 1980, quando choques pontuais de oferta sustentaram avanços expressivos de quase 50%.
Preço da platina e a virada regulatória europeia
A revisão da política ambiental europeia, anunciada em dezembro, prevê a manutenção do uso de motores a combustão por prazo indefinido, desde que submetidos a padrões de emissões mais rigorosos. Nesse contexto, analistas da montadora Mitsubishi avaliam que a decisão funciona como:
“um estímulo direto aos metais do grupo da platina, ao prolongar seu uso em catalisadores automotivos”.
Segundo a instituição, limites ambientais mais severos exigem maior carga de platina e paládio por veículo. O que, na teoria, sustenta a demanda industrial mesmo em um cenário de avanço gradual da eletrificação. Nesse contexto, o preço da platina passou a refletir uma reavaliação do horizonte regulatório para o setor automotivo europeu.
Oferta restrita e pressão no mercado físico
Além do fator regulatório, o mercado físico enfrenta um ambiente de oferta limitada. A inclusão da platina e do paládio na lista de minerais críticos dos Estados Unidos levou ao redirecionamento de volumes físicos para o país, reduzindo a disponibilidade em outras regiões. Paralelamente, empresas intensificaram a formação de estoques defensivos, ampliando a pressão sobre os preços.
Metais correlatos acompanharam o mesmo padrão. O paládio acumula alta de 80% em 2025, enquanto o ródio avança 95% no ano. Nesse sentido, reforçando o aperto generalizado no complexo de metais do grupo da platina.
Preço da platina e o novo vetor asiático
A valorização do preço da platina está ligada à sua ampla aplicação industrial, com destaque para catalisadores automotivos, onde o metal reduz emissões veiculares e tende a ganhar maior carga com regras ambientais mais rígidas. A platina também é utilizada nos setores químico e de refino, em processos de alta temperatura. Além de aplicações em equipamentos médicos, produção de vidro e joalheria, com baixa substituição técnica no curto prazo.
A China exerce papel central nesse quadro por concentrar a maior demanda global do metal, sustentada pela indústria automotiva, química e pelo consumo de joias. O início da negociação de contratos futuros de metais do grupo da platina no país ampliou o interesse financeiro sobre um insumo já escasso. Portanto, reforçando a conexão entre consumo físico e formação de preços em um mercado que depende fortemente de importações.
Saiba mais sobre a platina e seu valor no mercado
Valor da platina sob um novo equilíbrio regulatório
A combinação entre regras ambientais mais rígidas, oferta restrita e maior participação financeira redesenha o preço da platina no curto e médio prazo. Embora a eletrificação da frota siga como tendência estrutural, o adiamento regulatório europeu e o papel mais ativo da China indicam que o valor da platina permanece altamente sensível a decisões políticas e comerciais.











