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Criatividade: dom ou competência? – Por Marcos Hirano

*Coluna por Marcos Hirano, 18/04/2022

Se você não quer ser substituído por um robô, não seja um robô. A primeira vez que ouvi essa frase foi pela Martha Gabriel, referência no Brasil e no mundo, quando se fala de Marketing e Inovação. Ela é autora de alguns best sellers, dentre os quais está Você, Eu e os Robôs, em que aborda os impactos da revolução digital na humanidade.

Embora os avanços das tecnologias digitais venham transformando e acelerando as soluções de automação inteligentes, que vulgarmente temos chamado de robôs, eles não conseguem ser humanos.

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Mas o que significa sermos humanos?

Ainda vemos o mito (e o medo) de que essa nova era será dominada por conhecimentos tecnológicos e científicos e de que todos precisamos desenvolver tais competências para conseguirmos ser bem-sucedidos.

Na realidade, as competências que mais vêm despertando interesse são aquelas relacionadas à criatividade, colaboração, desenvoltura e dinamismo interpessoal, colaboração e trabalho em equipe, comunicação. E na linha de funções e profissões, são destacadas vendas especializadas, gestão e cuidado de pessoas, educação e desenvolvimento de pessoas figuram entre algumas das mais importantes. Não é muito difícil perceber que são todas voltadas a relacionamentos humanos.

Futuro do trabalho

Claro que é igualmente importante compreendermos como as tecnologias interagem e transformam o mundo, então, a conclusão a que podemos chegar é de que combinar competências digitais com humanas de forma equilibrada é um caminho inteligente.

Segundo dados da OCDE, a tecnologia e automação irão transformar cerca de 1,1 bilhões de empregos ao longo da próxima década. O relatório Future of Jobs de 2018 aponta que a expectativa é de que mais empregos sejam criados que perdidos.

E funções ligadas a cuidados pessoais devem ser criadas mais que qualquer outra profissão emergente. Mas o ritmo de adaptação em todo o mundo não está conseguindo acompanhar essa transformação, agravando a desigualdade de renda entre ricos e pobres

E isso explica o porquê da criatividade e empatia serem tão importantes quanto as tecnologias de inteligência artificial no trabalho do futuro.

Pensamento criador

Para me ajudar a explorar melhor uma dessas competências, a criatividade, conversei com um amigo, que costuma falar que “se você trabalha como uma máquina, certamente será substituída por uma”. Silvio Ramos Evangelista é odontólogo, empresário sócio-diretor da “CRIATLO – Criação, Relações e Inovação” e também criador da Abordagem Pensamento Criador, que ele detalha no livro “Pensamento Criador – Muito além da criatividade”. Inclusive a própria história dele sobre os caminhos que o levaram ao desenvolvimento desse arcabouço é bem interessante. Já disse a ele que precisa compartilhar essa história. A título de curiosidade, quem nos conectou foi Aletéia Lopes, nossa amiga em comum, que também colabora com esse portal na coluna Negócios Familiares.

“Não acredito em inspiração”

Antes de mais nada, é importante fazermos um alinhamento conceitual. A “Criatividade” (com C maiúsculo), na visão do Pensamento Complexo, é uma competência exclusiva da Natureza, que por meio do poder da auto-organização e da evolução, oferece soluções que envolvem todas as infinitas relações e repercutem em todo o universo, a curto, médio e longo prazo, tendendo ao infinito. Esta é a verdadeira Criatividade.

Em seu livro, Silvio utiliza o termo “criatividade” com C minúsculo, onde se refere à sua forma humana limitada, como uma das competências sugeridas pelo Fórum Econômico Mundial em suas últimas listas anuais de “competências para o profissional do futuro”.

A criatividade é cercada de mitos e preconceitos, como por exemplo, ser exclusiva de algumas categorias profissionais ou de um grupo abençoado de pessoas. Há também quem considere que a criatividade vem de outro plano não-terreno, sobrenatural! Mas ele adianta que qualquer pessoa pode desenvolver a sua.

“O que me incomoda nos ensinos tradicionais da criatividade, é insistirem na inspiração como estimuladora da criatividade”, afirma. Ele explica que o problema dessa visão é que inspiração não é uma competência, mas uma condição involuntária, sobre a qual não temos controle pleno, sendo difícil prever e utilizá-la a nosso favor. Melhor não contarmos com isso. Pablo Picasso, conhecido pintor, escultor, ceramista, cenógrafo, poeta e dramaturgo espanhol dizia:

“Que a inspiração chegue não depende de mim. A única coisa que posso fazer é garantir que ela me encontre trabalhando”.

O que é criação?

Numa rápida pesquisa nos buscadores, encontramos várias definições. A que parece mais simples e direta diz que criação é a “capacidade ou aptidão especial para inventar, elaborar”. Inventar e elaborar são ações que geralmente acontecem a partir de um propósito, por meio de um pensamento estruturado e minimamente direcionado, em busca de algo tangível, sobre o qual já se espera ter algum grau de compreensão. A criação utiliza circuitos neurais que integram saberes diversos, tanto do consciente, quanto do subconsciente. É um processo que ocorre em várias etapas, demanda tempo, atenção e foco para potencializarmos nossa percepção, de maneira estratificada, porém não-linear. É preciso avaliar a situação problema de forma cuidadosa, considerando as circunstâncias e o propósito da situação, complexidades das relações entre os elementos, os antagonismos presentes.

Podemos construir um conceito inicial:

Criação é a capacidade de gerar soluções voltadas a um propósito definido, contextual, a partir de saberes diversificados, em um contínuo ciclo regenerativo; exige-se compreender a situação em suas diversas nuances e adequar as soluções às circunstâncias atuais.

E o contexto atual do mundo BANI, que já abordamos em artigos anteriores, é frágil, não-linear, incompreensível por definição, que potencializam a ansiedade. O desafio torna-se ainda maior, pois cenários de futuros diversos e plurais devem ser imaginados e projetados, para uma mesma situação problema, exigindo cada vez mais o exercício da empatia. E nesse caso, é preciso ter abertura para conhecer visões diversas, que podem inclusive, em muitas vezes, serem conflitantes com nossas crenças e valores. Em geral, ainda termos sido treinados para identificar e classificar os problemas com o objetivo de identificar padrões e chegarmos a uma única solução. O espaço está ficando restrito para esse tipo de abordagem limitada, pois mais uma vez, o contexto atual exige soluções que contemplem visões plurais e diversas.

Então, vamos ampliar a definição para criação:
Criação é um complexo processo mental estratificado de percepção e integração de saberes, contextual, não-linear, consciente e inconsciente, tem o propósito como essência, objetiva a elaboração de soluções, inovações, estratégias ou ideias, por meio de raciocínios complementares entre si, de forma contínua e regenerativa, com consciência da complexidade, pluralidade e diversidade.

Um tanto abrangente e complexo, não? Mas quem disse que seria simples?

Mas afinal o que é criatividade?

É possível que você não se considere criativo. Talvez você queira ser mais do que apenas criativo. Consideremos que num contexto profissional, a criatividade precisa estar a serviço de algo, ter um caráter utilitário. Precisamos então, que ela seja integrada a outras competências, formando uma complexa rede mental que ampliará as chances de você criar coisas incríveis.

Começando com o que não é criatividade, não é algo aleatório, não é exclusiva de poucos, não é limitado à expressões artísticas ou culturais, não é um dom, não é coisa de maluco, não é binário (tem ou não tem).

A criatividade pode ser desenvolvida em qualquer pessoa, em qualquer idade, para quaisquer fins (artísticos ou não). E de acordo com os estudos do meu amigo Silvio, pode apresentar-se em diferentes graus em uma mesma pessoa, em situações distintas.

Um de seus objetivos ao escrever o livro foi o de desenvolver competências, inclusive a da criatividade que não depende de inspiração, por meio de uma abordagem prática, que com o tempo, estará incorporada na forma de pensar daqueles que decidirem implementá-la.

Resumindo:
A criatividade refere-se a gerar ideias com eficiência, portanto é voltada à geração de muitas novidades, porém inespecíficas
• A criação refere-se a gerar ideias com eficácia, portanto é voltada à geração da coisa certa para determinado contexto.
• A criatividade pode, com seus resultados, enriquecer a criação, enquanto a criação pode encontrar utilidades para os resultados da criatividade.

Dia Mundial da Criatividade
A importância da criatividade tem sido cada vez mais reconhecida. Tanto que desde 2014, no dia 21 de abril, é celebrado o Dia Mundial da Criatividade (World Creativity Day), uma iniciativa global liderada pela World Creativity Organization e idealizada pelo brasileiro Lucas Foster, referência internacional em economia criativa. E a partir de 2017 a Organização das Nações Unidas incluiu o Dia Mundial da Criatividade e Inovação em seu calendário oficial e, desde então, o festival passou a ser celebrado no dia 21 de abril. Em 2020, tornou-se o maior festival colaborativo de criatividade do mundo, com diversos países realizando atividades em diferentes cidades.

Você se considera uma pessoa criativa? Compartilhe conosco qual a sua relação com a criatividade e como ela está presente em seu dia a dia.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do ENB.

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