No relatório divulgado na quarta-feira (16/06) pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), destaca-se o papel dos fluxos migratórios na contribuição para o crescimento econômico dos países latino-americanos. Durante os últimos 10 anos, a chegada de imigrantes tem impulsionado o Produto Interno Bruto (PIB) ao preencher déficits na população economicamente ativa.
No Chile, por exemplo, 13,4% do crescimento do PIB em 2022 foi resultado direto da força de trabalho dos imigrantes. Esse setor teve sua contribuição para a economia quadruplicada entre 2009 e 2017, demonstrando a importância desse grupo para o desenvolvimento do país.
Outro ponto ressaltado pela Cepal é o impacto positivo da migração na melhoria dos serviços, devido ao alto nível de qualificação profissional presente em algumas ondas migratórias. No Peru, cerca de 40% dos venezuelanos que chegaram entre 2014 e 2019 possuem nível de escolaridade considerado “superior completo” ou superior, principalmente nas áreas de saúde e educação.
No México, também foi observada a chegada de imigrantes com alta qualificação profissional. Enquanto apenas 15% da população mexicana com mais de 25 anos possui graduação completa ou pós-graduação, entre a população imigrante esse número salta para 41% entre aqueles que chegaram de outros países da América Latina.
Além dos impactos econômicos diretos, o relatório da Cepal destaca que os movimentos migratórios têm amenizado o processo de envelhecimento populacional nos países estudados, suprindo os déficits na população economicamente ativa. No entanto, o documento também chama a atenção para a vulnerabilidade dos imigrantes e as dificuldades enfrentadas na acreditação de seus currículos.
“Com uma política aberta ao mercado, de livre concorrência, acaba atraindo imigrantes dispostos a se incorporar nessa dinâmica econômica. Vale lembrar que os que estão no Chile há mais de cinco anos, com residência legal, podem votar, o que lhes dá ainda mais importância e influência”, ressalta Carlos Meléndez, professor da Universidade Diego Portales, no Chile, em entrevista ao Valor Econômico.
A partir desses dados, fica evidente que a migração desempenha um papel significativo no crescimento econômico e no desenvolvimento dos países da América Latina. A chegada de imigrantes qualificados preenche lacunas na força de trabalho e impulsiona setores-chave da economia, contribuindo para um aumento no PIB. No entanto, é essencial garantir políticas que protejam os direitos e a integração desses imigrantes, reconhecendo o valor que eles trazem para a região.
