Um levantamento exclusivo realizado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) revelou que 74,1% das indústrias paulistas não têm intenção de contratar novos funcionários no segundo semestre deste ano. Das empresas que planejam realizar contratações, a média esperada é de apenas 10,3% do quadro total de funcionários.
O setor atribui grande parte desse pessimismo ao patamar elevado da taxa básica de juros, a Selic, que atualmente está em 13,75% ao ano. Essa alta taxa de juros inibe investimentos, dificulta o aumento da produção e adia as contratações. O setor varejista e de serviços também compartilha dessa preocupação com relação aos juros.
Apesar de melhorias no cenário econômico nos últimos meses, impulsionadas pelos avanços na reforma tributária e nas discussões sobre o novo arcabouço fiscal, além da queda nas expectativas de inflação e a valorização do real em relação ao dólar, a indústria encara o ano de 2023 com cautela.
No que diz respeito às expectativas de vendas no mercado nacional, 29,9% das indústrias esperam um aumento considerável nas vendas no segundo semestre, enquanto 37,9% projetam uma queda e 30,8% não esperam mudanças. Essa é a pior expectativa de aumento de vendas no mercado interno desde 2018.
A pesquisa foi realizada com 452 representantes da indústria de transformação no estado de São Paulo, abrangendo empresas de diferentes portes. O economista-chefe da Fiesp, Igor Rocha, destaca que o mercado está mais otimista com o governo, mas a pesquisa reflete um momento em que os desafios fiscais e a reforma tributária estavam mais presentes.
No primeiro trimestre deste ano, o PIB (Produto Interno Bruto) do país registrou um crescimento de 1,9% em comparação com o quarto trimestre de 2022, superando as expectativas dos analistas. No entanto, as perspectivas da indústria para as vendas, emprego e produção não apresentaram mudanças significativas ao longo do primeiro semestre.
Olhando para o futuro, 47,1% das indústrias paulistas acreditam que o fechamento das vendas em 2023 será pior do que no ano anterior. As exportações também geram preocupação, com 31,7% esperando uma queda considerável. Quanto ao volume de produção no segundo semestre, 38,1% preveem uma queda ou queda acentuada, enquanto 31,1% esperam um aumento ou aumento significativo.