Processo de valorização do real frente ao dólar deve se intensificar após elevação da nota de crédito soberano do Brasil pela Fitch Ratings, apontam especialistas ouvidos pela CNN.
De acordo com Fábio Silveira, economista e sócio-diretor da consultoria MacroSector, a melhora no rating é sempre bem-vinda e provavelmente exercerá pressão baixista sobre o dólar ainda neste ano. Essa decisão contribui para reduzir o custo de financiamento do país, tornando-o mais atrativo para investimentos estrangeiros, o que aumenta a oferta de moedas estrangeiras e reduz seu custo no mercado local.
O ingresso de capitais no Brasil deve permanecer robusto, gerando um bom fluxo de capital estrangeiro, o que, por consequência, indica uma tendência de valorização do real frente ao dólar nos próximos meses.
Desde janeiro até 24 de julho deste ano, o dólar registrou sua maior desvalorização em oito anos, com uma queda acumulada de 9,05%. Essa valorização do real pode se acentuar ainda mais, pressionando a taxa de câmbio a níveis mais baixos, que podem alcançar valores próximos a R$ 5 ou R$ 5,10 até o final do ano.
O economista Marcelo Boragini, especialista em renda variável e sócio da Davos Investimentos, concorda que essa decisão da Fitch pode impulsionar ainda mais a queda do dólar em relação ao real. Ele explica que a redução do risco de crédito reflete uma melhoria na avaliação da capacidade do Brasil de cumprir seus compromissos financeiros.
A agência Fitch elogiou a política monetária do Banco Central e destacou a redução da inflação no último ano. Também ressaltou a melhora nas expectativas em relação à trajetória da dívida, além de prever um superávit comercial recorde para o Brasil em 2023. Esses fatores são considerados positivos para o país, podendo ter reflexos na bolsa de valores, de acordo com Boragini.
Apesar da relevância da decisão da Fitch, os especialistas pontuam que o impacto positivo nos mercados financeiros não será imediato, sendo ofuscado pela agenda do dia, especialmente o anúncio do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA. No entanto, a longo prazo, a decisão da Fitch favorece o fluxo de recursos para o Brasil, já que diversos fundos internacionais têm limitações relacionadas à nota de crédito dos países para alocação de recursos.Às 11h15, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, registrava queda de 0,46%, aos 121.443 pontos, enquanto o dólar apresentava desvalorização de 0,27%, cotado a R$ 4,73.