Autoridades do Banco Central Europeu (BCE) estão se preparando para lidar com o excesso de liquidez bancária excedente que circula entre os bancos. Entre as possíveis medidas, o aumento do compulsório surge como uma das mais discutidas, conforme revelaram seis fontes à Reuters.
Esse debate deve iniciar na próxima reunião do BCE em Atenas, em 26 de outubro, ou durante um encontro de outono com as autoridades de política monetária, marcando uma nova fase no combate à inflação.
Desafios da inflação elevada e o impacto da liquidez excedente
Apesar do aumento recorde das taxas de juros, a inflação permanece acima da meta de 2% definida pelo banco central dos países que utilizam o euro. Mesmo com essas medidas, a economia ainda enfrenta dificuldades para atingir o objetivo inflacionário.
Com a previsão de manter as taxas de juros estáveis até dezembro, as autoridades monetárias voltam sua atenção para o volume de dinheiro injetado no sistema bancário. Ao longo de uma década, esse aporte foi impulsionado pelas compras de títulos. Agora, o foco é entender os efeitos dessa política e avaliar as ações futuras necessárias para garantir a estabilidade econômica.
Essa reserva de liquidez reduz o impacto dos aumentos de juros, já que diminui a competição por depósitos e resulta em pagamentos elevados de juros, o que tem gerado perdas para alguns bancos centrais.
Medidas do BCE para conter o excesso de liquidez
As fontes sugerem que o debate sobre a redução do excesso de liquidez deve focar em três pontos principais: o volume de reservas que os bancos devem manter no Banco Central Europeu (BCE), a reversão dos programas de compra de títulos, e uma nova estrutura para orientar as taxas de juros de curto prazo. Essas áreas são vistas como fundamentais para ajustar o fluxo de liquidez e garantir maior estabilidade financeira. Cada uma delas desempenha um papel essencial na definição das próximas medidas econômicas a serem tomadas pelos reguladores.
Especialistas sugerem elevar as reservas obrigatórias que os bancos mantêm no banco central, atualmente em 1%, para algo entre 3% e 4%. Essa medida ajudaria a retirar dinheiro do sistema bancário, reduzindo os pagamentos de juros que o BCE e os bancos centrais da zona do euro têm realizado. Essas despesas têm causado perdas significativas em algumas instituições financeiras, e o aumento das reservas poderia ajudar a mitigar esses impactos negativos.
Conforme as fontes, essa medida pode ser uma opção viável, pois já foi discutida na reunião de julho. Atualmente, as reservas obrigatórias somam 165 bilhões de euros, enquanto o excesso de liquidez bancária atinge 3,7 trilhões de euros.
Por outro lado, a redução dos 4,8 trilhões de euros acumulados em dívida pelo BCE desde 2015 é um desafio delicado. Esse montante foi adquirido, principalmente, para prevenir o risco de deflação. No entanto, o processo de diminuir essa dívida exige cuidados, pois envolve complexidades econômicas.
A maioria das autoridades vê espaço para uma redução gradual no Programa de Compra de Emergência da Pandemia (PEPP), evitando a reposição dos títulos que vencem. No entanto, elas se preocupam com a possibilidade de perturbar os mercados financeiros, especialmente os investidores em títulos do governo italiano.