Na última quarta-feira(18/10), os Estados Unidos anunciaram uma aguardada licença de seis meses que permite transações com o setor de petróleo e gás da Venezuela. Esta decisão era amplamente esperada pelos analistas e gerou expectativas de aumento na oferta de petróleo em um contexto de cortes de produção por parte dos principais países produtores e do conflito entre Israel e Hamas.
Esta medida, embora temporária, representa um marco significativo, permitindo que entidades americanas comprem petróleo venezuelano pela primeira vez em anos e tornem as exportações mais acessíveis para o mercado global. A suspensão das sanções acontece após o regime de Nicolás Maduro concordar em retomar as negociações com a oposição para eleições livres no próximo ano.
Apesar de inicialmente ter havido uma queda nos preços durante a sessão de quarta-feira, essa tendência foi rapidamente revertida, com a commodity novamente sendo influenciada pelo conflito Israel-Hamas, que continua sendo um ponto central de atenção para os mercados. Na última semana, o preço do petróleo subiu cerca de 2%.
A resposta morna do mercado à suspensão temporária das sanções contra a Venezuela, país com as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo, reflete não apenas a apreensão do mercado em relação ao conflito no Oriente Médio, mas também os desafios que o país enfrenta para recuperar sua produção.
As exportações de petróleo da Venezuela para os EUA foram interrompidas no início de 2019, quando o Tesouro americano impôs sanções à estatal Petróleos de Venezuela, conhecida como PDVSA. Naquela época, o país exportava quase 365.000 barris por dia para os EUA.
Atualmente, a produção da Venezuela está em torno de 750.000 a 800.000 barris por dia. Embora este número esteja longe dos 3 milhões de barris diários que tornavam a Venezuela uma potência global no mercado de petróleo na década de 90, representa um aumento significativo em relação aos 374.000 barris diários alcançados em meados de 2020.
De acordo com análises da Bloomberg, a produção do país poderia aumentar em 200.000 barris por dia, representando um aumento de 25%. No entanto, Bruno Cordeiro, consultor de petróleo, destaca que esse aumento pode não ser tão expressivo devido aos anos de subinvestimento no setor.
Paulo Gitz, estrategista global da XP, concorda com essa perspectiva. Ele afirma que embora o levantamento das sanções deva resultar em um aumento na produção, levará alguns meses para que os investimentos se concretizem. Portanto, o impacto a curto prazo deve ser limitado, já que haverá apenas uma mudança de comprador (saindo da China e entrando nos EUA) para a produção atual. À medida que essa produção aumentar, poderá influenciar mais significativamente os preços.