A Petrobras, principal estatal brasileira do setor petrolífero, marca seu regresso à África após quatro anos de ausência. Esse movimento acontece simultaneamente à visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Egito e à Etiópia. Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, lidera essa iniciativa. Alguns executivos da indústria expressam cautela devido a experiências anteriores. Essas experiências envolveram grandes investimentos e riscos políticos não gerenciáveis, resultando em prejuízos e escândalos de corrupção.
Recentemente, a empresa divulgou a conclusão da compra de participações em três blocos exploratórios em São Tomé e Príncipe, reafirmando a estratégia de internacionalização. Essa operação, anunciada inicialmente em dezembro de 2023, envolveu a aquisição de 45% dos blocos 10 e 13 e de 25% do bloco 11 em um processo competitivo liderado pela Shell. Apesar do valor da compra não ter sido revelado, a transação foi justificada pela necessidade de reposição de reservas.
Investimentos
A volta da Petrobras à África reflete uma busca por novas fronteiras exploratórias diante do amadurecimento dos campos do pré-sal, que foram o foco da empresa nos últimos 15 anos. Segundo a Petrobras, essa expansão está alinhada com o Plano Estratégico 2024-2028, que prevê investimentos na exploração de poços de petróleo no exterior. A empresa destaca a importância de parcerias com outras grandes petrolíferas, como a Shell, para compartilhar riscos e experiências.
A direção da Petrobras pode estabelecer parcerias internacionais sem a necessidade de aprovação prévia do conselho de administração, embora investimentos substanciais ainda requeiram sua aprovação. Isso indica uma governança que permite certa agilidade nas decisões estratégicas.
Após fase de retração e venda de ativos em resposta a uma crise financeira, a Petrobras se tornou uma das empresas mais endividadas do mundo. Agora, a estatal busca reafirmar sua presença global. Assim como na África, a empresa mantém operações na América do Sul, Ásia, e Europa, com escritórios comerciais na Holanda e Cingapura.
De acordo com o diretor-executivo de exploração e produção da Petrobras, Joelson Mendes, em entrevista ao Valor, a decisão de retornar à África é uma coincidência positiva com as políticas governamentais de reforço das relações comerciais com países africanos. No entanto, ele enfatiza que a iniciativa partiu exclusivamente da governança interna da empresa.