O mercado imobiliário enfrenta uma recuperação lenta em 2024, seguindo um período de desafios marcado por inflação e juros altos em 2022 e uma retomada gradual em 2023. A expectativa dos analistas aponta para uma concessão de crédito ainda seletiva pelos bancos, refletindo a cautela diante da lenta diminuição dos juros e a notável redução nos depósitos de poupança recentemente.
O papel da poupança
Historicamente, a poupança tem sido uma fonte crucial de recursos de baixo custo para os bancos no Brasil, chegando a representar até 70% dos valores disponíveis, embora esse número tenha caído para menos de 40% hoje. O ano de 2023 marcou o terceiro ano consecutivo de declínio no saldo das cadernetas de poupança, com saídas superando as entradas em R$ 87,82 bilhões, segundo o Banco Central. A tendência de alta dos juros levou os investidores a buscar alternativas mais rentáveis, diminuindo os recursos para o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), essencial para o financiamento imobiliário.
Otimismo na retomada do mercado imobiliário
Apesar desses desafios, há um otimismo no setor para 2024. O presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI-SP), e a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) mantêm uma visão positiva, influenciada pela expectativa de queda nas taxas de juros e um cenário favorável no mercado imobiliário. Fatores como crescimento populacional e dinâmicas sociais são vistos como impulsores do setor. A Abecip, mesmo notando um aumento nas taxas de juros de financiamento de 7,1% em 2020 para 10,76% em 2023, espera que o ano registre bons números.
Desempenho financeiro do setor imobiliário
O crédito imobiliário com recursos da poupança viu um aumento significativo de R$ 124 bilhões em 2020 para um recorde de R$ 205 bilhões em 2021, embora tenha recuado para R$ 179 bilhões em 2022. A expectativa para 2023 era de fechar em R$ 156 bilhões. Paralelamente, o financiamento com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) mostrou uma tendência de crescimento, com uma previsão de R$ 82 bilhões para o ano passado.
A retomada do mercado imobiliário em 2024 é marcada por uma mistura de cautela e otimismo. Enquanto os bancos permanecem seletivos na concessão de crédito, influenciados por fatores econômicos como a queda dos depósitos em poupança, as projeções para o setor são encorajadoras, apoiadas pela expectativa de redução dos juros e pelo potencial de crescimento demográfico e social.