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Conheça as espécies invasoras que custam US$ 3 bi ao Brasil

Espécies invasoras
(Foto: Alexey Demidov/Pexels).

O Brasil tem mais de 500 espécies exóticas invasoras presentes em seu território. Estas espécies, que incluem animais, plantas e micro-organismos, são responsáveis por prejuízos anuais estimados entre US$ 2 e US$ 3 bilhões. O impacto abrange a biodiversidade, a agricultura e a saúde pública. Entre 1984 e 2019, os danos causados por apenas 16 dessas espécies foram avaliados entre US$ 77 bilhões e US$ 105 bilhões.

Um relatório de 300 páginas foi divulgado por 73 autores de 40 instituições, após três anos de pesquisa. Michele de Sá Dechoum, bióloga e professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), destaca a importância de conscientizar sobre este problema. Ela enfatiza que os dados atuais provavelmente subestimam o verdadeiro impacto dessas espécies.

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Todos os biomas brasileiros são afetados, especialmente a Mata Atlântica e, em menor grau, a Amazônia. As vias de introdução das espécies invasoras são diversas, incluindo o comércio de plantas ornamentais e a descarga de água de lastro por navios.

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Entre as espécies citadas estão a tilápia, o javali, o mexilhão-dourado e o tucunaré. Estes organismos foram introduzidos no Brasil principalmente da África, Europa e Sudeste Asiático. O relatório, produzido pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, sugere medidas de gestão e governança para mitigar os riscos.

Tucanaré (Foto: Divulgação/Governo do Amapá).

Todas as variedades de tucunarés têm origem na bacia Amazônica e Araguaia-Tocantins. No entanto, atualmente observa-se a presença desses peixes em estados distantes de seu habitat natural, como São Paulo e Minas Gerais. A explicação para tal fenômeno é a introdução humana. Essas ações foram responsáveis por transportar e soltar esses peixes em ambientes onde não ocorriam naturalmente, muitas vezes por interesse em diversificar a fauna local de suas propriedades. Isso geralmente se fazia por meio do transporte de ovos e alevinos, que são fases de desenvolvimento do peixe mais fáceis de manejar.

Reconhecendo o impacto ambiental dessa prática, o Estado de São Paulo, através do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), na sua 289ª reunião Plenária Ordinária, decretou a Deliberação nº 30/2011. Esta deliberação inclui o tucunaré em uma lista de espécies exóticas com potencial invasor.

A introdução de espécies pode ser acidental ou intencional, causando diversos impactos. O professor Mário Luis Orsi, da Universidade Estadual de Londrina, destaca o caso do tucunaré como um predador que ameaça a biodiversidade local. Medidas controversas, como a declaração de espécies invasoras como nativas em alguns municípios, complicam o controle dessa problemática.

No caso dos javalis, que são da mesma espécie que os porcos domésticos, foram introduzidos globalmente para fins de caça e criação. No entanto, as características que os tornam excelentes para criação – alta taxa de reprodução, grande apetite, rápido crescimento e forte resistência a doenças – tornam-se problemáticas quando esses animais são soltos na natureza. Introduzidos no Brasil na década de 1960, eles começaram a se proliferar em grande escada a partir do final da década de 1980.

javali espécie invasora
Javali (Foto: Divulgação/Governo do Rio Grande do Sul).

Espécies como a tilápia introduzidas com incentivo público causaram impactos negativos na fauna nativa e na cultura local. O mexilhão dourado, por outro lado, representa um custo elevado para a manutenção de infraestruturas hidrelétricas devido à bioincrustação.

Introduzido no Brasil através da água de lastro na década de 1990, o mexilhão dourado encontrou um ambiente propício para sua proliferação e se estabeleceu como uma espécie exótica invasora, sem predadores naturais na fauna brasileira. De acordo com informações do Ibama, sua rápida disseminação tem sido impulsionada pela notável capacidade de reprodução e dispersão, provocando extensos impactos tanto no equilíbrio ecológico quanto na economia das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e, mais recentemente, no Nordeste, com sua presença confirmada na Bacia do Rio São Francisco. Essa espécie é uma das principais fontes de “poluição biológica”, contribuindo para a alteração dos ecossistemas aquáticos e para a extinção de espécies nativas, ficando atrás apenas da destruição de habitats naturais como causa de perda de biodiversidade.

Os danos causados pelo mexilhão dourado são variados, abrangendo a destruição de vegetação aquática e a competição por recursos com moluscos nativos, o que resulta em um declínio da biodiversidade local. Além disso, a redução dos moluscos nativos afeta diretamente a cadeia alimentar aquática, impactando negativamente a pesca. As infraestruturas hídricas, incluindo canos, dutos de água, esgoto, irrigação e sistemas de tomada de água para geração de energia elétrica, sofrem com entupimentos e necessitam de manutenção constante para remover os mexilhões, aumentando os custos de operação. A navegação também é prejudicada, com danos a boias, trapiches, motores e estruturas de embarcações.

mexilhão dourado espécie invasora
Mexilhão dourado (Foto: Reprodução/Prefeitura de São Paulo).

Esses são só alguns exemplos, o relatório da UFSC lista 268 animais e 208 plantas e algas como invasores no Brasil. A professora Michele Dechoum ressalta a necessidade de uma gestão pública mais atenta às invasões biológicas, apontadas como uma das principais causas de perda de biodiversidade. A COP 30, prevista para 2025 no Pará, é vista como uma oportunidade para promover a prevenção e o controle dessas espécies.

Pragas invasoras e perdas de até 105 bilhões de dólares

Entre 1984 e 2019, pragas exóticas invasoras causaram danos econômicos estimados entre 77 e 105 bilhões de dólares, com uma média de 2 a 3 bilhões de dólares por ano. Pragas agrícolas e florestais lideram as perdas com 28 bilhões de dólares, seguidas por vetores de doenças, responsáveis por 11 bilhões de dólares. Esses prejuízos se devem a redução da produção, horas de trabalho perdidas, custos hospitalares e impactos no turismo. Além disso, o mexilhão dourado representa um alto prejuízo para infraestruturas hidrelétricas e de aquicultura. A limpeza de bioincrustações pode custar até R$ 40 mil por dia em pequenas usinas e alcançar R$ 5 milhões diários em grandes usinas, como Itaipu, devido à paralisação das turbinas, conforme relatado pelos autores do estudo.

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