A distribuição de energia elétrica no Amazonas enfrenta uma grave crise financeira, com uma dívida que alcança a marca de aproximadamente R$ 10 bilhões. A situação coloca em cheque a capacidade da Amazonas Energia, responsável pelo fornecimento de eletricidade aos 62 municípios do estado, de manter suas operações. A crise se intensificou após o confronto com a Eletronorte, parte do Grupo Eletrobras, sobre o não pagamento de dívidas.
No início deste mês, a Eletronorte revelou a disputa ao enviar uma carta à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), cobrando o repasse de R$ 95,474 milhões pela Amazonas Energia. Este valor faz parte de um crédito extra destinado à distribuidora para cobrir custos de geração emergencial de energia. No entanto, a Eletronorte argumenta que, devido à crise financeira da Amazonas Energia, foi a Eletronorte quem cobriu essas despesas, e portanto, deveria receber o pagamento.
A dívida da Amazonas Energia com a Eletronorte atinge R$ 3,6 bilhões, e com a holding Eletrobras, o valor é de R$ 5,6 bilhões. A gravidade da situação é ampliada pela decisão da Amazonas Energia de suspender os pagamentos mensais de sua dívida com a Eletronorte, mesmo recebendo autorização governamental para o crédito extra.
A Aneel, em um documento de janeiro deste ano, apontou que a Amazonas Energia registrou um prejuízo de R$ 223 milhões em um período de 12 meses até setembro de 2023. A agência destacou que a distribuidora não gera receita suficiente para cobrir suas despesas operacionais, apontando para um risco de inadimplência em seus pagamentos.
O diretor-presidente da Amazonas Energia, Márcio Zimmermann, defendeu a posição da empresa, afirmando que a distribuidora busca manter uma relação construtiva, apesar das dificuldades financeiras. Por outro lado, a Oliveira Energia, controladora da Amazonas Energia, aguarda uma resposta do Ministério de Minas e Energia sobre a situação.
Em face da crise, a Aneel recomendou ao Ministério de Minas e Energia a declaração de caducidade da concessão da Amazonas Energia, após uma tentativa frustrada de transferência de controle societário. A decisão sobre o futuro da concessão ainda está pendente.
A crise na Amazonas Energia tem raízes na decisão do governo federal de 2017 de privatizar seis distribuidoras controladas pela Eletrobras, incluindo a Amazonas Energia. Apesar da privatização, os problemas financeiros persistiram, exacerbando a crise atual.
