O azeite de oliva, tradicionalmente visto como um ingrediente comum na cozinha, enfrentou aumento nos preços, transformando-se em um artigo considerado de luxo em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Em resposta a essa valorização, supermercados brasileiros começaram a implementar medidas de segurança adicionais, equipando garrafas de azeite com lacres antifurto, uma prática até então reservada para produtos de alto valor como bebidas alcoólicas selecionadas, cosméticos e eletrônicos. Dados recentes do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) revelam um aumento de 44,23% no custo do azeite desde 2020, com uma notável alta de 24,7% apenas no último ano, conforme informações da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
Diante dessa realidade, alguns supermercados no Brasil começaram a adotar medidas de segurança adicionais para o azeite, semelhantes às utilizadas para itens de alto valor como bebidas alcoólicas selecionadas, cosméticos e produtos eletrônicos. Relatos em redes sociais, como o X, anteriormente conhecido como Twitter, ilustram a surpresa dos consumidores ao se depararem com garrafas de azeite protegidas por lacres antifurto.
Participe do nosso canal no WhatsApp e fique sempre atualizado!! Entre AQUI: https://chat.whatsapp.com/F9RHuEDvoA94uXNAZ7LDRm
Azeite tá tão escaralhosamente caro que tá vindo até com lacre de segurança pic.twitter.com/uOiagVecGP
— boto (@asfalto_azul_) April 9, 2024
Essa tendência não se limita ao território nacional. Na Espanha, maior produtor mundial de azeite, supermercados também passaram a reforçar a segurança do produto, trancando as garrafas com correias, chaves e cadeados. O preço médio de uma garrafa de azeite no país europeu atingiu 14,5 euros, o equivalente a cerca de 77,25 reais, representando um aumento de 150% nos últimos dois anos.
O cenário de encarecimento do azeite tem contribuído para um aumento nos casos de furto do produto, além de operações para combater a comercialização de azeite falsificado ou impróprio para consumo. No início de março, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) interceptou uma carga de 20.400 litros de azeite adulterado vindo da Argentina. A Polícia Civil do Rio de Janeiro desmantelou uma fábrica clandestina de óleo de cozinha no mesmo período.
A escalada dos preços também impactou a gastronomia, com estabelecimentos ajustando seus cardápios ou elevando os preços de pratos que levam azeite, um ingrediente chave na culinária portuguesa e espanhola. O bacalhau, por exemplo, prato tradicional da Páscoa, viu seu status de item mais caro ser desafiado pelo custo crescente do azeite.
Azeite tá tão caro que no mercado que vou botaram até lacre antifurto no Andorinha. pic.twitter.com/9VyaQNloIs
— L u a 🌘 (@televisivah) March 11, 2024
Especialistas atribuem o aumento no preço do azeite a fatores climáticos adversos que afetaram a produtividade das oliveiras nos principais países produtores, como Portugal, Espanha, Itália e Grécia. Felippe Serigati, professor de economia e pesquisador do Centro de Agronegócios da FGV, explica que “o azeite está caro no mundo todo” devido a essas condições climáticas. Ele ressalta a natureza duradoura das oliveiras, indicando que os efeitos de uma safra ruim podem se estender por anos.