O Brasil reconquistou a posição entre os 25 países mais atrativos para o Investimento Estrangeiro Direto (IED), segundo a consultoria Kearney. Após não aparecer na lista em 2023, o país agora ocupa o 19º lugar, representando o melhor desempenho desde 2017.
A pesquisa da Kearney incluiu entrevistas com executivos de empresas globais, cujas receitas ultrapassam US$ 500 milhões. Estes executivos mostraram maior propensão a investir nos próximos anos. Em 2024, 88% dos participantes indicaram planos de ampliação dos investimentos, em comparação com 82% no ano anterior.
O sócio da Kearney no Brasil, Mark Essle, comentou ao Valor sobre o retorno do país ao ranking. “Sumimos do mapa por causa de várias crises, mas devagar estamos novamente reaparecendo no contexto dessa fragmentação do comércio mundial.”, disse.
Além disso, Essle destacou o posicionamento geográfico vantajoso do Brasil, que facilita o relacionamento com grandes economias. “Assim como o restante das Américas, o Brasil se beneficia do fato de que está perto dos Estados Unidos, cuja economia vai muito bem.”
Os dados mostram que, dentre as prioridades dos investidores, a eficiência regulatória e a facilidade de mobilidade de capitais ganharam destaque, com 15% e 14% das citações, respectivamente. Essas preocupações superaram outras como transparência regulatória e taxas de juros.
Em relação às áreas de interesse específico no Brasil, Essle ressaltou o foco em setores tradicionais como mineração e agronegócio, enquanto expressou cautela sobre a sustentabilidade dos investimentos. “É preciso usar essa chance para viabilizar investimentos em infraestrutura e acompanhar essa maior demanda por exportação,” afirmou.
O ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciou a intenção do governo de atrair R$ 180 bilhões em investimentos em rodovias e ferrovias nos próximos três anos, evidenciando a busca por melhorar a infraestrutura.
Outro ponto abordado por Essle foi a potencial vantagem do Brasil na produção de bens com baixa emissão de carbono, uma vez que a União Europeia está implementando taxas sobre a pegada de carbono. “O Brasil é, entre os grandes países, aquele com matriz energética mais limpa.”
No contexto sul-americano, a Argentina também marcou presença no ranking após uma longa ausência, ocupando a 24ª posição. Essle comparou as oportunidades nos dois países, destacando a riqueza em recursos naturais e a importância desses para a transição energética.
Globalmente, os Estados Unidos continuaram no topo do ranking pelo 12º ano consecutivo, enquanto a China melhorou sua posição, retornando ao terceiro lugar após políticas de afrouxamento no controle de capitais.
O relatório finalizou observando um interesse crescente dos investidores pelos mercados emergentes, com 84% dos entrevistados indicando planos de manter ou buscar novos investimentos estrangeiros nesses mercados, um aumento de três pontos percentuais em relação a 2023.