A Justiça de São Paulo decidiu tornar réus dez dirigentes da Transwolff, uma empresa que opera ônibus na capital paulista e é investigada por supostas ligações com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). O juiz Guilherme Eduardo Martins Keller, da 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital, aceitou a denúncia do Ministério Público de São Paulo nesta quarta-feira.
Detalhes da decisão judicial
Além de iniciar a ação penal, o juiz Keller decidiu manter o bloqueio de bens dos acusados até o limite de R$ 596 milhões e continuou a interdição da empresa. A Prefeitura de São Paulo nomeou um interventor para assegurar o funcionamento dos serviços prestados pela Transwolff, que transporta cerca de 15 milhões de passageiros por mês.
Prisões e Operação Fim da Linha
Luiz Carlos Efigênio Pacheco, conhecido como Pandora e presidente afastado da Transwolff, junto com Róbson Flares Lopes Pontes e o contador Joelson Santos da Silva, permanecem presos. Eles foram capturados durante a Operação Fim da Linha, executada pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo e pela Receita Federal, no dia 9 de abril. Esta operação visava desarticular as atividades criminosas supostamente realizadas dentro da empresa, incluindo lavagem de dinheiro, extorsão, e apropriação indébita.
Acusações e defesas
Os réus enfrentam acusações de formar uma organização criminosa para lavar dinheiro do PCC. Em resposta às acusações, José Nivaldo Souza Azevedo e Lindomar Francisco dos Santos, também réus no caso, declararam através de uma nota que não violaram dolosamente qualquer lei e que provarão sua inocência durante o processo. Luiz Carlos Efigênio Pacheco, por meio de sua defesa, negou pertencer a qualquer organização criminosa, afirmando que todos seus atos foram legais.
Repercussão e investigação contínua
A Transwolff, que detém a segunda maior frota de ônibus da cidade, tem enfrentado um escrutínio intenso não apenas pelas autoridades, mas também pela mídia e pelo público. As investigações revelam um panorama complexo de supostas atividades ilícitas dentro da operação de transporte público, levantando questões sobre a eficácia dos mecanismos de controle e fiscalização.
Conivência da Prefeitura de SP e resposta às acusações
Durante as investigações, o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Ministério Público de São Paulo, criticou a administração municipal por supostamente falhar em impedir que empresas investigadas por vínculos com o crime organizado assinassem contratos de concessão para operar linhas de ônibus na cidade.
Em resposta às acusações, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), defendeu os procedimentos adotados pela cidade na licitação e contratação de empresas para o transporte público. Ele argumentou que as decisões de licitação são baseadas em critérios técnicos e legais, não apenas em buscas superficiais como “dar um Google”.