As pequenas indústrias chinesas mostraram um crescimento acentuado em junho, registrando o ritmo mais acelerado desde 2021, impulsionado por encomendas externas. Esse desempenho ocorre mesmo com a demanda doméstica fraca e os atritos comerciais resultando em outra contração no setor industrial mais amplo.
O Índice de Gerentes de Compras (PMI) do Caixin/S&P Global para a indústria subiu para 51,8 em junho, ligeiramente acima dos 51,7 de maio. Este é o ritmo mais rápido desde maio de 2021, superando as expectativas dos analistas, que previam 51,2. O índice cobre principalmente pequenos negócios na China voltadas para a exportação permaneceu acima da marca de 50 pontos, que separa crescimento de contração, por oito meses consecutivos.
PMI dos pequenos negócios na China em comparação com o PMI oficial
Enquanto o PMI do Caixin sinaliza crescimento, o PMI oficial, divulgado no domingo (30/06), mostrou uma queda na atividade industrial pelo segundo mês consecutivo em junho. A atividade no setor de serviços também atingiu o ponto mais baixo em cinco meses. Essa diferença destaca os desafios distintos enfrentados pelas pequenas e grandes empresas no atual cenário econômico.
O crescimento da produção industrial, medido pelo PMI do Caixin, atingiu um pico de dois anos em junho. O índice de encomendas, incluindo pedidos do exterior, manteve-se em território expansionista, embora em um ritmo mais lento. A demanda por bens de consumo e intermediários foi mais forte do que a demanda por bens de investimento, conforme revelado pela pesquisa.
Desafios econômicos e custos crescentes
Apesar do crescimento dos pequenos negócios na China, a recuperação econômica da China perdeu algum ímpeto. Zichun Huang, economista da Capital Economics, observou que os PMIs de junho foram mistos, refletindo um abrandamento no crescimento. A pesquisa do Caixin também apontou que os proprietários de empresas estão enfrentando custos crescentes, impulsionados por preços mais altos de matérias-primas como aço, cobre e alumínio, além de maiores custos de frete.
A confiança dos produtores de manufatura para os próximos 12 meses atingiu o nível mais baixo desde novembro de 2019, devido a preocupações com a crescente concorrência e a incerteza econômica. A pesquisa também indicou que o setor continuou a reduzir contratações em junho.
Impacto das tensões comerciais e tarifas
As exportações da China superaram as previsões em maio, mas a sustentabilidade dessas vendas permanece incerta, especialmente diante das recentes tensões comerciais. Anúncios de tarifas pelos Estados Unidos e pela União Europeia têm afetado negativamente o sentimento do mercado. A UE planeja impor tarifas preliminares sobre veículos elétricos chineses em 4 de julho, aumentando a pressão sobre o setor industrial.
Setor imobiliário
Por sua vez, apesar do crescimento dos pequenos negócios na China, o vasto setor imobiliário da China continua a enfrentar desafios, mesmo após um pacote de resgate anunciado em maio. Os preços das casas novas subiram no ritmo mais lento em cinco meses em junho, segundo uma pesquisa privada. Este setor, crucial para a economia chinesa, ainda precisa de mais tempo e esforços políticos para se recuperar plenamente.
Os economistas do Citi ainda consideram alcançável a meta de 5% do PIB para este ano, mas alertam que serão necessários mais esforços políticos. Esperam-se medidas incrementais, incluindo apoio adicional ao setor imobiliário, cortes nas taxas de juros e ajustes nos requisitos de reserva dos bancos. A implementação fiscal deverá ser acelerada, embora sem revisões orçamentárias significativas ou expansão da cota de títulos.
