As duplicatas eletrônicas estão prestes a transformar o cenário financeiro empresarial no Brasil, marcando um avanço importante para o setor. Com um cronograma definido pelo Banco Central, a implementação obrigatória desse sistema será realizada de forma gradual, permitindo que o mercado se adapte às novas regras. O especialista Licio Carvalho, CTO da fintech Delend, dedicada a simplificar o acesso ao crédito para pequenas e médias empresas (PMEs) no Brasil, compartilha sua visão sobre esse processo e os impactos esperados.
Duplicatas Eletrônicas e Confiança no Sistema Financeiro
Segundo Carvalho, a transição para as duplicatas eletrônicas representa um divisor de águas para o setor financeiro. “A obrigatoriedade da emissão eletrônica de duplicatas é uma mudança fundamental que visa aumentar a confiança do sistema financeiro nessa modalidade de recebível. Sem dúvida, isso trará maior liquidez para os sacadores que buscam antecipar seus recebíveis, agora com taxas de juros mais competitivas,” afirma.
Prazo para Adaptação
O especialista destaca que as grandes empresas, com faturamento anual superior a R$ 300 milhões, devem se adaptar ao novo sistema até o final de 2024. Isso dependerá da data específica de aprovação da convenção pelo Banco Central. Já as empresas de médio porte, com faturamento anual entre R$ 4,8 milhões e R$ 300 milhões, terão até meados de 2025 para se ajustarem. Por fim, as pequenas empresas, que faturam entre R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões, terão o maior prazo, com a exigência entrando em vigor 720 dias após a aprovação. Consequentemente, isso dará mais tempo para essas empresas se adaptarem às novas regras.
Redução de Fraudes e Custos
Carvalho explica que a digitalização das duplicatas não apenas melhora a confiança no sistema, mas também reduz drasticamente o risco de fraudes. “A verificação dos dados por registradores regulados pelo Banco Central garante a unicidade e a confiabilidade das informações, essenciais para proteger credores e devedores. A tecnologia permite rastrear e verificar todas as transações em sistemas oficiais, como NF-es e CTE, assegurando a autenticidade dos documentos. Isso também proporciona segurança das informações envolvidas,” comenta.
Agilidade e Transparência
Carvalho também enfatiza a agilidade que o novo sistema traz ao ciclo de vida do crédito. “A emissão e o registro das duplicatas eletrônicas são processos rápidos e eficientes, permitindo a simplificação e automação de muitas etapas burocráticas. Isso não só acelera o ciclo de vida do crédito, como também facilita a gestão de fluxos de caixa e a realização de negócios, beneficiando todas as partes envolvidas”, avalia.
Expansão do Crédito para PMEs
Carvalho acredita que a maior previsibilidade e a potencial redução do risco de inadimplência farão com que as instituições financeiras estejam mais dispostas a conceder crédito com base nesses títulos. “Isso amplia o acesso das empresas, especialmente das PMEs, a financiamentos com melhores condições de juros e prazos. É uma mudança que beneficiará diretamente as empresas que necessitam de crédito para investimentos ou capital de giro, tornando o processo mais acessível e menos oneroso,” conclui.
Ele ainda ressalta que as PMEs não precisam esperar pela obrigatoriedade governamental para adotar a duplicata eletrônica. “Muitas companhias já oferecem essa opção, facilitando o processo de obtenção de crédito e melhorando a gestão financeira dos negócios,” destaca Carvalho. O especialista destaca que a modernização desse processo, que começou na década de 60, resolve problemas históricos. Ela também proporciona uma solução robusta para a gestão de recebíveis.