A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) finalizou a investigação sobre o caso de uso de informação privilegiada nas Lojas Americanas, acusando oito ex-diretores. A investigação revelou elementos que indicam irregularidades nas negociações de ações da companhia antes da divulgação de inconsistências contábeis em janeiro de 2023.
O início da investigação das Lojas Americanas
A CVM iniciou o inquérito em resposta à revelação de que as Lojas Americanas apresentavam um rombo contábil bilionário, inicialmente estimado em R$ 20 bilhões. Essa fraude foi anunciada no dia 11 de janeiro de 2023 e, no dia seguinte, a varejista sofreu uma queda no valor de suas ações, passando de R$ 12 para R$ 2,72, uma queda de 77%.
Entre os acusados pela CVM estão nomes de peso, como Miguel Gomes Pereira Sarmiento Gutierrez, Marcio Cruz Meirelles e José Timotheo de Barros, além de outros cinco ex-diretores que também terão a oportunidade de se defender das acusações.
Detalhes da acusação dos diretores das Lojas Americanas
A investigação da CVM apontou que os diretores em questão realizaram transações com base em informações confidenciais antes da revelação pública do escândalo financeiro. Essas operações de insider trading violam as regras de mercado, sendo fortemente reguladas para garantir a transparência nas transações financeiras.
Ações judiciais e o impacto no mercado
A empresa solicitou recuperação judicial em janeiro de 2023, sendo excluída de 14 índices da B3, a bolsa de valores do Brasil. Na época, as ações caíram ainda mais, chegando a R$ 0,79, o que transformou as Lojas Americanas em uma penny stock, termo utilizado para ações de valor inferior a um real.
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O impacto desse escândalo abalou o mercado financeiro devido à magnitude do rombo e à confiança que investidores depositavam na empresa. Ao todo, a CVM mantém dois inquéritos administrativos e dez processos administrativos em andamento.
Consequências futuras
As Lojas Americanas, após o pedido de recuperação judicial, seguem tentando reorganizar suas finanças e manter suas operações. O acordo de agrupamento de ações, na proporção de 100 para 1, foi uma das estratégias adotadas pela companhia em maio de 2023, com implementação a partir de julho.
Além das investigações da CVM, o caso também atraiu a atenção do Congresso, que instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as fraudes. Os diretores acusados ainda respondem pelos seus atos, e definirão as consequências legais nos próximos meses.