Países enfrentam um impasse sobre o financiamento da conservação da natureza e outras decisões importantes, enquanto a cúpula da ONU sobre biodiversidade, COP 16, entra na segunda semana nesta segunda-feira (28) em Cali, na Colômbia. A informação do impasse veio a público por Reuters.
Com a natureza em rápido declínio e espécies desaparecendo em um ritmo sem precedentes, cientistas alertaram os governos de que o tempo para agir está se esgotando. É vital discutir o financiamento da biodiversidade com urgência.
Importância do financiamento da biodiversidade
Atualmente, cerca de 38% das espécies de árvores no mundo – aproximadamente 16.425 espécies – estão ameaçadas de extinção devido à exploração de madeira e ao desmatamento, motivados pela expansão da agricultura, mineração, construção de estradas e outros projetos de desenvolvimento, conforme dados da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
“Se quisermos preservar essas árvores, precisamos agir imediatamente”, afirmou Grethel Aguilar, diretora da UICN, em uma coletiva de imprensa em Cali, reforçando a importância de um adequado financiamento da biodiversidade.
A cúpula, que é a 16ª reunião dos signatários da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica (CDB), enfrenta o desafio de implementar 23 metas estabelecidas no Plano Global de Biodiversidade Kunming-Montreal de 2022, cujo objetivo é parar e reverter a degradação ambiental até 2030. Por isso, a importância de se discutir o financiamento da biodiversidade.
Entre os principais objetivos está a meta 30×30, que propõe que todos os países reservem 30% de suas terras e águas para a conservação até 2030.
Prazo para consenso
Até o fim do encontro, na sexta-feira, negociadores e observadores esperam avanços em temas como financiamento, uso de material genético, inclusão de povos indígenas e políticas de conservação.
“As discussões estão progredindo, mas a agenda é extensa”, afirmou David Ainsworth, porta-voz do secretariado.
Embora a participação intensa mostre o comprometimento dos países, a profundidade das discussões reflete um “nível relativamente baixo de confiança” entre eles, segundo Ainsworth. O impasse sobre o financiamento de biodiversidade é prova disso. “Há muito trabalho pela frente nesta semana.”
Um ponto positivo é o consenso emergente entre os delegados para incluir oficialmente grupos indígenas no processo decisório sobre biodiversidade o financiamento, mas garantindo sua presença permanente na estrutura da CDB da ONU.
Contudo, o sucesso da COP 16 será amplamente avaliado pela apresentação de soluções de financiamento da biodiversidade. As negociações sobre como mobilizar os bilhões de dólares necessários para combater a perda de biodiversidade pararam na segunda-feira, enquanto os delegados discutiam a criação de um novo fundo específico para esse fim.