Nos últimos dias, o mercado financeiro registrou intensa movimentação com o anúncio da fusão entre a Azul e a Abra Group, controladora da Gol. A operação, que ainda precisa de aprovação dos órgãos reguladores, pode redefinir o cenário da aviação no Brasil. Mas essa não é a primeira grande mudança no setor. Ao longo das últimas décadas, diversas companhias aéreas decretaram falência ou foram incorporadas por outras empresas.
Quais companhias aéreas deixaram de existir? Como as fusões moldaram o mercado? Confira a seguir a trajetória de empresas que marcaram a aviação brasileira.
Varig: pioneira do setor e símbolo de crise
Fundada em 1927, a Varig foi uma das maiores companhias aéreas do Brasil por décadas. A empresa expandiu sua frota adquirindo concorrentes como Real Aerovias, Nordeste Linhas Aéreas e Rio-Sul. No entanto, dificuldades financeiras levaram a companhia à recuperação judicial, com demissões em massa e perda de participação no mercado. Em 2007, a Gol adquiriu os ativos da Varig por US$ 320 milhões, encerrando sua trajetória como empresa independente.
Vídeo do canal Elementar no YouTube.
Panair: intervenção governamental e o fim inesperado
Fundada em 1925, a Panair do Brasil encerrou suas atividades em 1965, após um despacho do governo militar suspender suas rotas. A companhia, que pertencia à norte-americana Pan Am, não pediu falência e ainda operava de forma saudável. Suas rotas internacionais foram transferidas para a Varig, enquanto as linhas domésticas foram assumidas pela Cruzeiro do Sul.
Avianca Brasil: recuperação judicial e encerramento das operações
A Avianca Brasil, uma das últimas a deixar o mercado, realizou seu último voo em 24 de maio de 2019. A companhia entrou com pedido de recuperação judicial em dezembro de 2018, mas não conseguiu se reestruturar. Em apenas cinco meses, encerrou as atividades no país, deixando lacunas na malha aérea nacional.
TAM: da aviação regional à fusão com a LAN
Criada em 1961 como Táxi Aéreo Marília, a TAM se destacou na aviação nacional e internacional. Nos anos 90, consolidou sua marca com aeronaves como o Fokker 100, que sofreu um grave acidente em 1996, aumentando os desafios da companhia. Apesar das dificuldades, a TAM se expandiu e, em 2016, uniu-se à chilena LAN, dando origem à Latam Airlines, uma das maiores empresas da América Latina.
Webjet: a low cost que não resistiu
A Webjet surgiu em 2004 como uma opção de baixo custo para os passageiros. Inicialmente, atraiu clientes com tarifas competitivas, mas a concorrência acirrada dificultou sua operação. Em 2006, foi vendida para a CVC e, em 2011, adquirida pela Gol por R$ 310 milhões. Pouco tempo depois, a marca foi descontinuada.
Vasp: ascensão e queda de uma gigante
A Vasp iniciou suas operações em 1933 e, por décadas, foi uma das principais companhias aéreas do país. Expandiu sua frota e participação no mercado até enfrentar problemas financeiros severos. A crise culminou na falência da empresa em 2008, com uma dívida estimada em R$ 5 bilhões. O caso foi alvo de disputas judiciais, mas, em 2013, o STJ confirmou a decisão que decretou o fim definitivo da companhia.
Trip: a fusão que fortaleceu a Azul
Entre 1999 e 2013, a Trip Linhas Aéreas operou voos regionais e cresceu no mercado doméstico. Em 2013, foi adquirida pela Azul, que passou a deter 15% da participação no setor aéreo brasileiro. A fusão ampliou a presença da Azul, consolidando sua posição como uma das maiores empresas do país.
Real Aerovias: crescimento e fusão com a Varig
A Real Aerovias começou suas operações em 1945, expandindo-se rapidamente ao adquirir diversas companhias menores. No final dos anos 50, já competia com a Varig pelo mercado internacional. No entanto, dificuldades financeiras levaram à venda da empresa para a própria Varig, encerrando sua operação independente.
Ita: uma tentativa frustrada da Itapemirim
A Itapemirim lançou sua companhia aérea em 2020, mas a operação durou pouco. No fim de 2021, a empresa suspendeu os voos e, em setembro de 2022, teve sua falência decretada. A rápida ascensão e queda da Ita reforçou as dificuldades enfrentadas por novas companhias no mercado brasileiro.
Transbrasil: do crescimento à falência repentina
Criada em 1955, a Transbrasil chegou a ser uma das maiores empresas aéreas do país. No entanto, dificuldades operacionais e financeiras levaram ao encerramento das atividades em 2001. No ano seguinte, a empresa teve sua falência decretada. Rumores sobre uma possível compra pela Avianca ou pela Oceanair nunca se concretizaram, e a empresa deixou de existir.
Cruzeiro do Sul: incorporada pela Varig
A Cruzeiro do Sul foi uma das primeiras companhias aéreas do Brasil, operando desde 1927. Em 1975, a Fundação Rubem Berta, dona da Varig, adquiriu a empresa. Embora tenha mantido o nome até 1993, a Varig acabou absorvendo totalmente a companhia, encerrando sua trajetória como marca independente.