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Por que o McDonald’s faliu na Bolívia? O único país da América do Sul sem a rede

Bolívia foi o único país da América do Sul a rejeitar o McDonald's. Entenda o que deu errado e por que a rede não voltou.
McDonald's na Bolívia fechou após anos de prejuízo. A cultura alimentar local e o preço alto foram fatores decisivos.
O McDonald's até tentou, mas fracassou e fechou na Bolívia. (Kelvin Stuttard/Pixabay)

O McDonald’s está presente em quase 120 países, com mais de 39 mil restaurantes espalhados pelo mundo. Todos os dias, a gigante do fast food atende cerca de 70 milhões de pessoas e tem valor de mercado de US$ 212,55 bilhões. Apesar desse alcance global, a Bolívia está fora da lista de nações com unidades do McDonald’s.

Mas por que o McDonald’s não conseguiu se manter na Bolívia? A resposta envolve fatores econômicos, sociais e culturais. Além disso, o país é o único da América do Sul que não tem a rede de fast food.

A economia da Bolívia dificultou a permanência do McDonald’s?

Na década de 1990, a Bolívia enfrentava desafios econômicos. Um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontava que, em 1997, cerca de 63% da população vivia na pobreza e 38% estava em condições de extrema pobreza. Ainda que políticas sociais tenham ajudado a reduzir esses números ao longo dos anos, a desigualdade continuava sendo uma barreira para o consumo de produtos estrangeiros com preços elevados.

Foi nesse cenário que o empresário Gonzalo Sánchez de Lozada trouxe a primeira unidade do McDonald’s para a Bolívia. No início, as filas nas lojas e drive-thrus sugeriam que a rede havia encontrado seu espaço no mercado boliviano. No entanto, o entusiasmo inicial não durou.

O preço dos produtos era um grande obstáculo. Enquanto um prato típico boliviano, com carboidrato, proteína e bebida, custava cerca de US$ 2, um combo do McDonald’s saía por pelo menos US$ 5. A população local, acostumada a refeições fartas e acessíveis, não via sentido em pagar mais por um lanche considerado inferior em sabor e qualidade.

Vídeo do canal Drops Econômicos no YouTube.

A cultura também influenciou no fechamento da rede?

O fracasso do McDonald’s na Bolívia não foi apenas econômico. A rede tentou adaptar o cardápio, incluindo o molho picante local “llhua”, mas essa estratégia não foi suficiente. O problema ia além do gosto dos bolivianos: a relação deles com a comida era completamente diferente do conceito de fast food.

Na cultura boliviana, a alimentação é um evento social. Refeições tradicionais são preparadas com ingredientes locais e costumam ser feitas em família ou entre amigos, valorizando o tempo à mesa. O modelo do McDonald’s, baseado na rapidez e na padronização, não se encaixava nessa tradição da Bolívia.

Além disso, o ex-presidente Evo Morales, um crítico da globalização corporativa, reforçou a ideia de que empresas estrangeiras poderiam prejudicar a economia local. Em 2012, ele chegou a proibir a venda de produtos da Coca-Cola no país, alegando que grandes corporações do Ocidente estavam “causando danos à humanidade”.

Diante desse cenário, o McDonald’s acumulou prejuízos por cinco anos consecutivos. Em 2002, J.C. Gonzales-Mendez, ex-vice-presidente da divisão sul-americana da rede, decidiu encerrar as operações na Bolívia.

A Bolívia rejeitou o McDonald’s, mas aceitou outras redes?

Curiosamente, a Bolívia não ficou imune ao consumo de fast food. Outras redes internacionais conseguiram se estabelecer no país, mas aprenderam com os erros do McDonald’s. Essas marcas adotaram estratégias mais alinhadas à cultura local, adaptando produtos, preços e experiências para atender melhor os hábitos de consumo dos bolivianos.

O caso do McDonald’s na Bolívia mostra que, mesmo sendo uma potência global, uma marca precisa mais do que marketing e tradição para conquistar um mercado. O respeito à cultura e às preferências locais pode ser a chave para o sucesso — ou para o fracasso.

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