O governo dos Estados Unidos anunciou na quinta-feira (09/10) um pacote emergencial de US$ 20 bilhões para auxiliar a sanar a crise econômica na Argentina e conter a rápida desvalorização do peso. O plano inclui a compra direta da moeda argentina pelo Tesouro americano. Além disso, a ação contempla o envio de técnicos para acompanhar medidas de estabilização fiscal propostas pelo presidente Javier Milei.
Segundo Washington, o objetivo é “restaurar a confiança nos mercados e evitar uma crise regional”. O anúncio ocorre após o câmbio paralelo superar 2.000 pesos por dólar e a inflação anual ultrapassar 280%, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec).
Crise econômica argentina: socorro americano tenta conter
A intervenção norte-americana, confirmada por porta-vozes do Departamento do Tesouro, representa o maior gesto de apoio internacional a Milei desde o início de seu mandato. Parte dos recursos virá de garantias do Fundo Monetário Internacional (FMI) e de fundos privados liderados pelo investidor Scott Bessent, aliado político de Donald Trump.
Em pronunciamento, Milei afirmou que “a confiança externa é o único caminho possível para estabilizar o país”, reconhecendo que a crise econômica na Argentina exige cooperação internacional. Analistas, porém, consideram que o pacote apenas adia ajustes estruturais que o governo ainda não conseguiu implementar.
Inflação e desequilíbrio fiscal no centro da crise
A instabilidade atual é resultado de anos de déficits orçamentários e políticas monetárias expansionistas que corroeram a credibilidade do Banco Central. Mesmo após cortes de ministérios e congelamento de gastos, a dívida pública continua alta e as reservas internacionais seguem em níveis críticos.
A inflação, que destruiu o poder de compra das famílias, tem origem na emissão de moeda para financiar gastos estatais e na política de controle artificial de preços, mantida por governos anteriores. Portanto, essa combinação reduziu a confiança dos investidores e agravou a deterioração cambial, acirrando a crise econômica na Argentina.
Desconfiança dos mercados e fuga de capitais
O mercado financeiro argentino enfrenta fuga de capitais, retração do crédito e queda nas importações. A desvalorização contínua do peso aumentou o custo da dívida externa e reduziu a competitividade industrial, forçando empresas a operar com margens mínimas. Além disso, a incerteza institucional e as decisões econômicas abruptas do atual governo afastaram investidores e dificultaram a renegociação de compromissos com o FMI.
Perspectivas para a crise econômica argentina
Economistas avaliam que o pacote americano pode aliviar a pressão imediata sobre o câmbio, mas não resolve as causas estruturais da crise econômica na Argentina. Consequentemente, sem reformas fiscais profundas e uma estratégia duradoura de credibilidade institucional, o país pode repetir ciclos de instabilidade.
Ainda assim, o apoio de Washington é visto como um respiro político para Milei, que tenta provar que austeridade e liberalização financeira podem recolocar a Argentina no mapa econômico global.