A isenção do IR para rendas de até R$ 5 mil, prevista para entrar em vigor em janeiro de 2026, altera o fluxo de renda disponível e passa a influenciar decisões econômicas relevantes no país. A leitura é do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, que associa a medida a um ambiente de negócios mais ativo.
Segundo a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, a política tributária passa a atuar como fator econômico ao liberar recursos para consumo e serviços. A avaliação considera também a perspectiva de juros mais baixos, o que tende a reduzir o custo do crédito e favorecer investimentos produtivos.
Além do efeito macro, a mudança atinge diretamente a base de consumidores com maior propensão a gasto. Esse grupo concentra despesas em comércio, serviços, varejo, alimentação e economia local, setores sensíveis à renda mensal líquida.
Isenção do IR e o mercado interno
No recorte regional, a isenção do IR ganha peso adicional no Nordeste. Estudo da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) estima injeção anual de R$ 1,7 bilhão na economia regional, com impacto mensal de R$ 126,7 milhões em renda disponível.
Bahia, Pernambuco e Ceará concentram quase 70% desse volume. A Sudene avalia que o efeito se distribui rapidamente pela cadeia econômica, alcançando pequenas empresas, prestadores de serviços e produção regional, ampliando o giro financeiro.
O levantamento considera vínculos formais de trabalho e utiliza dados do Dieese. A metodologia cruza faixas salariais com os descontos previstos em lei, oferecendo uma projeção direta sobre circulação de renda e atividade econômica.
Isenção do IR e política econômica
No plano macroeconômico, Esther Dweck associa a isenção do IR a um ciclo de crescimento combinado com redução de desigualdades, conforme estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O órgão aponta melhora em diversos indicadores distributivos.
A ministra também destaca o papel do Estado no suporte à economia. As estatais respondem por cerca de 5% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto o BNDES segue como principal financiador do setor de bens de capital, base da indústria nacional.
Tributação, renda e dinâmica econômica
A leitura econômica é que a isenção do IR atua como estímulo indireto ao mercado interno, ao mesmo tempo em que reorganiza a arrecadação ao ampliar a tributação sobre rendas mais altas. Para empresas, o efeito aparece na demanda, no planejamento comercial e nas projeções de receita.
Com inflação em desaceleração e expectativa de afrouxamento monetário, a política tributária passa a dialogar com decisões de investimento, consumo e crédito. O desenho final indica que, mais do que alívio fiscal individual, a medida altera a engrenagem econômica a partir de 2026. A avaliação do governo considera que o papel do BNDES permanece decisivo para manter o investimento produtivo e a base industrial ativa.











