O rebaixamento da Braskem para o nível “CC” pela Fitch Ratings, divulgado em 30/12, ampliou o alerta sobre a situação financeira da maior petroquímica da América Latina. Segundo a agência, há incertezas relevantes sobre a capacidade e a disposição da companhia de honrar compromissos no curto prazo. Nesse sentido, o foco recai sobre os pagamentos de juros previstos para janeiro de 2026.
De acordo com o relatório, a empresa enfrentará um volume concentrado de cerca de US$ 130 milhões em cupons no início de 2026. Esses valores estão ligados a diferentes séries de bonds, com vencimentos finais entre 2028 e 2081. Ainda que a Braskem tenha informado caixa de US$ 1,3 bilhão ao fim de setembro de 2025, a Fitch destacou outro ponto. Em outubro, a companhia também sacou integralmente uma linha de crédito standby de US$ 1 bilhão. Mesmo assim, a agência avaliou que a dependência crescente desses recursos indica um aperto relevante na flexibilidade financeira.
Rebaixamento da Braskem e a pressão de liquidez
Na avaliação da Fitch, o rebaixamento da Braskem reflete a combinação de liquidez pressionada com geração operacional fraca. Esse cenário ocorre em meio a um ciclo petroquímico ainda desfavorável. Além disso, a agência afirmou ter visibilidade limitada sobre a capacidade da companhia de cumprir, de forma integral e no prazo, os compromissos de curto prazo. Isso vale especialmente na ausência de um plano de financiamento considerado crível e executável.
Além disso, a dívida total da Braskem somava R$ 47,5 bilhões, ou US$ 8,4 bilhões, em setembro de 2025. Paralelamente, a Fitch projeta fluxo de caixa livre negativo nos próximos trimestres. Como consequência, a posição de liquidez pode se deteriorar ainda mais caso a empresa não mantenha acesso contínuo a bancos ou ao mercado de capitais.
Nesse contexto, a agência também reduziu para “CC” os ratings dos títulos seniores não garantidos emitidos pela Braskem America Finance Company e pela Braskem Netherlands Finance B.V. Ao mesmo tempo, manteve o rating de recuperação em “RR4”. Já os papéis subordinados da subsidiária holandesa foram rebaixados para “C”, com recuperação estimada em “RR6”.
Rebaixamento da Braskem e risco de reestruturação
O rebaixamento da Braskem passou a incorporar, ainda, um risco maior de reestruturação da dívida. Segundo a Fitch, a contratação de assessores financeiros pela companhia pode sinalizar a análise de medidas iminentes ligadas à estrutura de capital. Essas iniciativas, conforme a agência, podem ser desfavoráveis aos detentores de títulos.
Além disso, a Fitch informou que irá reavaliar a estrutura final de capital, o financiamento e a governança da empresa caso avance a proposta de aquisição da participação hoje detida pela Novonor. O interesse envolve um fundo assessorado pela gestora IG4. Caso se concretize, esse movimento pode alterar de forma relevante a dinâmica financeira e estratégica da companhia.
Rating da Braskem e o cenário adiante
No curto prazo, a Fitch não vê espaço para uma melhora no rebaixamento da Braskem. Esse entendimento leva em conta o nível elevado de alavancagem e as pressões persistentes sobre a liquidez. Ainda assim, a agência pondera que a obtenção de recursos capazes de estabilizar o caixa poderia abrir caminho para uma revisão positiva no futuro. Até lá, a Braskem segue como um dos casos mais sensíveis de estresse financeiro no setor industrial brasileiro.











