*Coluna por Marcos Hirano, 25/04/2022
Empatia e criatividade (leia também Criatividade: dom ou competência) são características que nos diferenciam dos robôs, das tecnologias de inteligência artificial e da automação. Elas nos permitem sermos humanos na prática, melhorarmos as relações humanas, não apenas pensando em trabalho do futuro e nos negócios, para não nos limitarmos ao caráter utilitário das coisas.

Relativo a empatia, não é sobre “tratar o outro como você gostaria de ser tratado”, pois esta acaba sendo uma definição bastante limitada e enviesada, já que os valores próprios acabam se sobrepondo aos do outro de alguma maneira.
Você já tentou enxergar usando os óculos de outra pessoa, que obviamente não tenha as mesmas características de visão que a sua? É difícil e muitas vezes incômoda, não? Pois uma forma de descrever empatia que eu gosto bastante, por sua simplicidade, fala sobre a “capacidade de enxergar o mundo com as lentes da outra pessoa”. Retornando para o concreto, trata-se da desafiadora capacidade de se libertar dos próprios valores e cultura para buscar se colocar o mais próximo possível no lugar do outro, genuinamente sob a perspectiva e realidade do outro.
Estudos recentes indicam que somos biologicamente empáticos e cooperativos, com estruturas neurais que nos fazem ter a capacidade de nos colocar no lugar do outro, como a dos neurônios-espelho e atividade cerebral identificada por ressonância magnética funcional em pessoas que ouviam histórias reais de finais tristes e felizes. Apesar de termos tido no ocidente, um desenvolvimento sociocultural que nos impele a um comportamento mais egoísta, sobretudo pelo contexto competitivo dos grandes centros urbanos. Isto é, essas estruturas biológicas precisam ser estimuladas para desenvolvermos essa capacidade empática.
Apaixone-se pelo problema
A visão de que inovação é um elemento fundamental para prosperidade e longevidade dos negócios vem se tornando mais disseminada dentro de um mundo altamente competitivo. Apesar disso, poucas pessoas compreendem de fato o que é inovação, e menos ainda como inovar. Uma abordagem que é bastante discutida nos ambientes de empreendedores “startupeiros”, sendo muitas vezes tratado quase que como um mantra, é a importância de se compreender profundamente os problemas que impulsionam o desenvolvimento de soluções e startups. Há quem diga inclusive, que é preciso se apaixonar pelo problema, mais do que pela solução. Isto pois ao compreender profundamente quais são as dores decorrentes de um determinado problema a ser resolvido, maior a chance de se ter relevância e identificação de quem sofre com eles.
E o que empatia tem a ver com isso?
Ao se conectar com o público que sofre com os problemas que você quer resolver, você passa a ter elementos importantes para trabalhar nas soluções para aprimorá-las. Com abordagens, métodos e ferramentas, como por exemplo, as do design, você tem os principais ingredientes necessários para desenvolver protótipos e soluções para converter clientes.
Em resumo, nada melhor do que enxergar o mundo com as lentes deles, certo? É aí que entra a empatia.
Como aprimorar minha capacidade empática?
Agora você já sabe o que é empatia e os seus benefícios. O desafio é colocar isso em prática. O livro O Poder da Empatia traz uma lista de hábitos para exercitar e ampliar a sua capacidade empática:
1. Acione seu cérebro empático: precisamos mudar as nossas estruturas cerebrais e reconhecer que a empatia faz parte da natureza humana, para desenvolvimento desse modelo mental
2. Dê o salto imaginativo: fazer um esforço consciente para praticar a empatia, “vestindo os óculos” de outras pessoas, para reconhecer sua humanidade, individualidade, perspectivas, inclusive daquelas que eventualmente com que você não se identifica ou não concorda
3. Busque aventuras experienciais: experimente, vivencie outras culturas, outros contextos sociais, outros lugares, de maneira imersiva, com a mente aberta e receptiva, que lhe permitam ampliar sua visão de mundo
4. Pratique a arte da conversação: interaja e estimule a curiosidade por pessoas desconhecidas, pratique a escuta ativa, busque prestar atenção e compreender a mensagem por trás das palavras, o contexto de mundo da outra pessoa. Evite julgamentos a partir dos seus filtros emocionais.
5. Viaje em sua poltrona: a arte pode ajudar a enxergar com a lente de outras pessoas. Assista a filmes, leia livros, siga pessoas diferentes de você, que compartilhem experiências e suas histórias nas redes sociais.
6. Inspire uma revolução: a prática da empatia tende a gerar ambientes mais empáticos. Então, nada melhor que promover continuamente ondas de empatia, que possam gerar uma escala de massa para promover uma mudança social gradativa e permita estender nossas habilidades empáticas para transformar nossa sociedade.
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do ENB.

 
								 
											


 
 

 





