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O que é economia comportamental ou psicologia econômica? – Por Jessica Santiago

Essa é uma área que estuda como tomamos decisões a respeito dos nossos recursos. Imagine, por exemplo, que você está diante da seguinte escolha: “você prefere ganhar R$ 100 com certeza ou arriscar ganhar R$ 200, mas com chance de acabar sem nada?”. Dadas essas condições, você precisa decidir o que é mais importante para você nessa situação: a garantia de que vai ganhar algo ou arriscar para tentar ganhar o máximo que a situação permite. Como saber quando é mais importante optar pela segurança ou quando é melhor optar pelo risco em favor da maximização?

Alguns podem dizer que a resposta a essa pergunta “depende da situação”, enquanto outros podem dizer que “depende do perfil da pessoa, se é mais conservadora ou mais tolerante a riscos”. Porém, ambos os fatores podem influenciar as nossas escolhas. O que se percebe com esse exemplo é que nossas motivações podem entrar em conflito. Tanto o contexto quanto o risco, a quantia esperada, e até mesmo o histórico de experiências que determina o “perfil” da pessoa, tudo isso pode influenciar, às vezes mais, às vezes menos, nossas decisões e, como muitas vezes não podemos ter o melhor de todos os mundos, somos obrigados a escolher.

Portanto, para entender as nossas decisões, uma série de pesquisas é feita para identificar se existem situações mais propensas a uma escolha ou a outra e se existem vieses ou erros que a maioria de nós comete nessas situações. Assim, a psicologia econômica ou economia comportamental é a área que estuda nossos processos de julgamento, decisão e escolha, identificando os nossos vieses cognitivos contextuais e de aprendizagem. É uma área de fronteira entre a economia e a psicologia e que pode ter uma gama de teorias explicativas diferentes que devem conversar entre si. Podemos falar, por exemplo, de aprendizagem, mas também de vieses que herdamos evolutivamente. Podemos falar de racionalidade, mas também de valor subjetivo. Muitas vezes, decisões que parecem impulsivas podem ser justificadas quando olhamos para o contexto individual que determina o valor subjetivo que o risco tem para aquela pessoa. Assim, esse tipo de pesquisa pode ser útil até mesmo ao campo do autocontrole e fenômenos especialmente psicológicos. Justamente por ser tão abrangente e relevante é que essa área tem recebido tanta atenção atualmente, e foi responsável por um Prêmio Nobel em 2002 e outro em 2017. Além disso, essa área de pesquisas também vem sendo base para a implementação de políticas ao redor do mundo, a começar pelo Reino Unido e pelos EUA. Nesse tipo de prática os vieses de decisão e aprendizagem que ocorrem em determinados contextos são levados em conta para o planejamento de intervenções bem-sucedidas no que concerne os mais diversos temas, cujos critérios adotados se baseiam em estudos comportamentais.

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Para entender de forma ainda mais ampla o alcance dessa área de estudos, podemos considerar que nossos recursos vão além do dinheiro. A famosa frase “tempo é dinheiro” pode fazer sentido nesse contexto. Se tratarmos, por exemplo, o tempo como um recurso, podemos pensar que as atividades que escolhemos fazer, os trabalhos, lazeres e relacionamentos nos quais investimos não apenas tempo, mas também energia, tudo isso são escolhas que fazemos no nosso dia-a-dia e que seguem a mesma lógica das escolhas financeiras: em que situações vale mais à pena alocar meu tempo e energia? Ou: qual a melhor forma de distribuir meu tempo entre diversas atividades e o que elas me proporcionam? Trabalhar com a variável tempo permite pensar também em pesquisas sobre decisão e aprendizagem com animais de outras espécies, por exemplo. Esse tipo de pesquisa serve não apenas para identificarmos mais facilmente aquilo que é específico da história evolutiva humana, mas também nos permite identificar os padrões que se repetem mesmo entre diferentes espécies quando a história de aprendizagem é a mesma, o que mostra quais são os contextos mais favoráveis para se aprender a fazer determinadas escolhas. Esse é apenas mais um exemplo de como os avanços mais relevantes que são produzidos no conhecimento envolvem estudos interdisciplinares e pesquisa básica. Estudos simples e hipotéticos, feitos em situações muitas vezes “artificiais”, mas que podem ter um impacto nas mais diversas áreas, não só teóricas como de aplicação, incluindo aplicações sociais.

Opinião – Artigo Por Jéssica Santiago, Dra. em Psicologia Experimental pela Universidade de São Paulo (USP).

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal.

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