O preço da gasolina comercializada pela Petrobras (PETR4) apresenta uma redução de 23% em relação à média cobrada pelas refinarias privadas, marcando o maior diferencial registrado na série histórica desde a privatização da primeira unidade de refino estatal, a Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, agora conhecida como Refinaria de Mataripe.
De acordo com um levantamento realizado pelo Observatório Social do Petróleo (OSP), o litro da gasolina vendida pela Petrobras está sendo comercializado a R$ 2,52, enquanto as refinarias privatizadas têm uma média de R$ 3,10.
Entre as refinarias privatizadas, a Refinaria Potiguar Clara Camarão (RPCC), no Rio Grande do Norte, que foi privatizada em 7 de junho, detém o recorde de preços mais elevados no país, com a empresa 3R Petroleum (RRRP3) vendendo o litro a R$ 3,20, um valor 27% mais alto em relação à estatal. Além disso, a Refinaria da Amazônia (Ream), privatizada em dezembro de 2022, está comercializando o litro a R$ 3,06, enquanto a Acelen, gestora de Mataripe, vende a R$ 3,03, uma diferença de 21% e 20% em relação aos preços da Petrobras, respectivamente.
O economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), explica que as refinarias privatizadas, por sua estrutura, praticam preços mais elevados em comparação à Petrobras. Ele destaca dois motivos para essa disparidade. Em primeiro lugar, a Petrobras é uma empresa integrada, com capacidade de produção e refino de petróleo.
“Como resultado, ela possui uma margem maior para absorver variações de preços, em comparação com suas concorrentes”, explica o economista.
O segundo motivo apontado por Dantas é que a Petrobras é uma empresa estatal e considera diversos fatores para estabelecer seus preços, não se limitando apenas à maximização de lucros. “Mesmo quando seu preço era definido pelo PPI, a política de paridade de importação, a companhia manteve por muito tempo preços abaixo dos praticados internacionalmente, devido à pressão da opinião pública sobre o governo. E com o fim do PPI, em maio deste ano, a Petrobras passou a ter uma maior margem para definir os preços, já que seus custos permaneceram estáveis”, conclui o economista.