A recente seca extrema no Panamá tem gerado repercussões significativas no setor logístico internacional. O fenômeno climático “El Niño” é o principal responsável por esta condição severa que tem afetado diretamente o comércio global. O Canal do Panamá, uma rota vital que facilita o transporte marítimo entre os oceanos Atlântico e Pacífico, está no centro dessa crise.
Helmuth Hofstatter, CEO da Logcomex, empresa que atua no fornecimento de soluções tecnológicas para o comércio exterior, alertou sobre os graves impactos desta seca no canal. Ele destacou que a diminuição significativa do volume de água tem forçado as autoridades a limitar o tráfego de navios na região, resultando em atrasos substanciais na cadeia de suprimentos global. Países como os Estados Unidos, China, Japão e Chile, que dependem fortemente desta rota para o transporte de mercadorias, estão entre os mais afetados.
O Brasil também não está imune a essa crise. Leandro Barreto, diretor administrativo da Solve Shipping, enfatizou que os eletrônicos importados da China têm sofrido atrasos significativos. Barreto sugeriu que, como alternativa, essas cargas podem ser desviadas através da África do Sul, fazendo transbordo em Santos antes de seguir para Manaus em cabotagem.
Além disso, Barreto indicou que as principais vítimas deste congestionamento são países como Chile, Peru e Equador, cujas exportações de produtos como uvas e bananas estão enfrentando atrasos significativos. Ele alertou que cargas destinadas à Europa e ao Mediterrâneo são as mais afetadas, devido à dificuldade de encontrar rotas alternativas viáveis.
Na atual conjuntura, o Canal do Panamá está vivenciando uma pressão sem precedentes, sendo responsável por quase 6% do comércio marítimo global, conforme observado por Hofstatter. O especialista também destacou que os porta-contêineres constituem a maioria dos usuários do canal, facilitando o trânsito de uma parcela significativa de bens de consumo entre a Ásia e a costa leste dos Estados Unidos.
