Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,5 ponto percentual na última reunião, em agosto, e avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista, revela a ata da última reunião.
Após um ciclo de aperto monetário que perdurou por três anos, o Copom tomou uma decisão significativa ao cortar a taxa básica de juros do país, a Selic, em 0,50 ponto percentual, reduzindo-a de 13,75% para 13,25% ao ano. O nível atual da Selic só havia sido registrado em janeiro de 2017. A indicação de que os próximos cortes nos juros serão da mesma magnitude e coincide com a estimativa do mercado, que espera a Selic encerrando o ano de 2023 em 11,75%. “A expectativa para a próxima reunião é a redução de 0,75. Uma redução de 0,5% seria a opção mais conservadora, e uma redução de 1% seria mais agressiva,” afirma Lauro Chaves, economista da FIEC.
A ata da reunião anterior já havia sinalizado o início do afrouxamento monetário, com a avaliação predominante entre os membros do comitê de que o processo desinflacionário em curso poderia permitir acumular a confiança necessária para a diminuição da Selic. Chaves ainda pontua: “A surpresa seria uma redução de 0,25 ou 1,25, não só para mim, mas para todos os agentes econômicos. As taxas do Copom afetam direta ou indiretamente todo o mercado financeiro.”
O Copom, em sua última reunião, julgou como “pouco provável” um ritmo de corte maior que o proposto de 0,5%, pois isso exigiria surpresas positivas substanciais capazes de elevar ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva. Em explicação, Lauro contextualiza a importância da taxa para o mercado brasileiro: “A taxa do Copom afeta o mercado financeiro como um todo e o mercado de ações especificamente. O mercado de ações é impactado também pela taxa de juros, que deriva também do Copom, mas ele é impactado muito pelas expectativas dos investidores em relação ao futuro e pela questão setorial de cada empresa que está sendo comprada ou vendida pelo movimento das bolsas no mercado internacional.”
Com essas considerações, o Copom delineou um cenário de redução gradual e cautelosa dos juros, marcando um ponto de inflexão importante na política monetária do país. A expectativa para a reunião de setembro é uma redução, e o valor dessa redução é esperado entre 0,5 e 1,0. Entretanto, o foco é receber uma diminuição de 0,75%, e assim fechar o percentual em 12,5% em setembro.