O presidente do Paraguai, Santiago Peña, lançou um ultimato nesta segunda-feira (25) em relação às negociações entre o Mercosul e a União Europeia . Ele anunciou que interromperá as negociações caso as partes não cheguem a um acordo antes de 6 de dezembro deste ano. O prazo estabelecido é significativo, pois coincide com a entrega da presidência do bloco sul-americano pelo Brasil ao Paraguai.
Peña tem sido crítico em relação ao progresso das negociações desde antes de assumir o cargo presidencial. Em uma entrevista à Reuters, uma semana antes de sua posse, ele expressou sua preocupação de que a UE não demonstrou interesse claro em avançar com as propostas apresentadas. Após sua primeira viagem oficial aos Estados Unidos, onde participou da Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente paraguaio reafirmou sua intenção de buscar acordos comerciais alternativos.
Em uma entrevista coletiva, Peña afirmou:”Eu disse ao presidente Lula para encerrar as negociações porque, se ele não encerrar, eu não vou continuar no próximo semestre”. Ele acrescentou que pretende dedicar o próximo semestre a fechar acordos com outras regiões do mundo, mencionando especificamente possíveis acordos com países como Cingapura e os Emirados Árabes Unidos.
Enquanto isso, o presidente brasileiro Lula tem expressado sua expectativa de concluir as negociações ainda este ano. No entanto, essas negociações estão suspensas desde 2019, em grande parte devido a preocupações ambientais levantadas pela União Europeia.
No mês de setembro, o Mercosul apresentou uma contraproposta a um adendo ambiental apresentado pela UE. Peña considerou essa contraproposta “inaceitável”, alegando que ela restringe a capacidade de desenvolvimento de países como o Paraguai.
“O Paraguai tem uma vocação muito forte de integração”, afirmou Peña, “mas nesse acordo comercial não é mais uma discussão técnica, é uma decisão política, e isso não está mais do lado do Mercosul, mas do lado da União Europeia.”
A pressão para chegar a um acordo é evidente, e a ameaça do presidente Peña de interromper as negociações caso um acordo não seja alcançado até dezembro coloca em destaque a importância dessas conversas para ambas as partes. O futuro do relacionamento comercial entre o Mercosul e a União Europeia permanece incerto, com as partes ainda tendo que superar diferenças significativas para alcançar um consenso.
