Apesar de uma leve alta do Ibovespa em reais durante o mês de setembro, o mercado financeiro brasileiro continuou sob pressão devido ao sentimento global de aversão ao risco. A XP Investimentos destacou em seu relatório de estratégia que a sinalização de juros mais altos pelos principais bancos centrais e o aumento das taxas dos títulos globais afetaram não apenas as ações globais, mas também as ações brasileiras, que caíram 0,7% em dólares.
A XP também observou que o Federal Reserve dos Estados Unidos adotou uma postura mais rígida do que o esperado, aumentando o risco de que os preços mais altos de energia possam acelerar a inflação. Isso levou a uma revisão na projeção para a taxa de juros dos EUA, com previsão de um aumento adicional de 25 pontos base.
Os estrategistas da XP, Fernando Ferreira e Jennie Li, enfatizam que, além do cenário global desafiador, a política fiscal no Brasil continua sendo um tema crítico. Como resultado, eles reduziram a estimativa do valor justo para o Ibovespa no final do ano de 133 mil pontos para 128 mil pontos, representando um aumento de 9,8% em relação ao fechamento de setembro, devido às taxas de longo prazo mais altas. No entanto, eles acreditam que o múltiplo de preço sobre lucro (P/L) do Ibovespa permanece descontado em comparação com a média histórica.
Os principais pontos de discussão no mercado incluem o impacto dos preços mais altos de energia, as preocupações com a agenda fiscal brasileira e as estratégias de posicionamento. A XP observa que, se os preços do petróleo continuarem subindo, as ações de energia brasileiras podem se beneficiar.
A política fiscal apresenta riscos, como possíveis aumentos nos impostos corporativos e o governo brasileiro não alcançar suas metas fiscais. Quanto ao posicionamento, os estrategistas destacam que setores e fatores mais defensivos têm tido um desempenho mais positivo, enquanto setores sensíveis aos juros podem enfrentar reversões após fortes altas.