No início deste ano, um ex-co-presidente da Sigma Lithium foi demitido por negociar ações durante um período de restrição antes da divulgação do balanço financeiro, de acordo com documentos judiciais e fontes internas. A saída de Calvyn Gardner, que dividia o cargo com Ana Cabral-Gardner, desencadeou uma série de ações judiciais no Brasil e nos EUA, revelando uma turbulência no alto comando da mineradora de lítio, em busca de vendas para empresas automobilísticas e grandes players da indústria de baterias.
A empresa, sediada em Vancouver, não ofereceu explicações detalhadas sobre a demissão de Gardner, desencadeando especulações e litígios legais. A carta datada de julho indicava que a demissão estava relacionada às negociações de ações em janeiro. Os advogados de Gardner alegaram desconhecimento das restrições da empresa sobre a negociação.
As transações de Gardner, totalizando 500.000 ações vendidas por cerca de 13,3 milhões de dólares antes da divulgação dos resultados anuais, geraram debates sobre o uso de informações privilegiadas. A empresa sugeriu que o executivo poderia ter usado tais informações, o que foi negado por seus advogados.
A Sigma, listada em Toronto e Nova York, não esclareceu suas políticas de restrição ou respondeu a questões sobre supostas violações de valores mobiliários. Autoridades reguladoras do Canadá e dos EUA foram contatadas, mas não ofereceram comentários sobre investigações em andamento.
A disciplina corporativa para transações durante períodos de restrição pode variar, desde avisos até demissões, dependendo da gravidade das violações. A tensão entre os copresidentes e a justificativa usada para a demissão de Gardner levantaram questões sobre a coerência das ações da Sigma.
Após deixar a empresa, Gardner entrou com ações judiciais contra sua esposa em tribunais brasileiros, buscando reverter decisões relacionadas a ativos compartilhados. Enquanto isso, a Sigma moveu um processo contra ele em Nova York, alegando apropriação indevida de documentos.