A tensão no Mar Vermelho, devido ao ataque da milícia Houthi do Iêmen a navios cargueiros desde novembro, preocupa o comércio exterior brasileiro. Apesar da distância, as preocupações aumentam devido aos possíveis efeitos negativos, especialmente com o superávit histórico de quase US$ 100 bilhões na balança comercial brasileira em 2023.
Impactos nas exportações do Brasil
Apesar da distância, o Brasil não está imune aos impactos do conflito, como destaca Arthur Pimentel, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AE). Dado que 96% do comércio brasileiro ocorre por via marítima, as consequências das tensões, como custos elevados e interrupções logísticas, inevitavelmente afetam o país.
O Índice Mundial de Contêineres, da consultoria Drewry, registra aumento de 23% no custo por contêiner de 40 pés em uma semana, alcançando US$ 3.777, o mais alto desde outubro de 2022. Isso equivale a um aumento de 82% em relação ao ano anterior e 166% acima das taxas médias de 2019, antes da pandemia.
A ANEA notou um aumento imediato nos custos de frete marítimo para exportações e importações, devido ao aumento do tempo de viagem para a Ásia. Isso resulta em um aumento de 15 dias nos custos financeiros, afetando ambas as exportações e importações. No entanto, os efeitos não são uniformes para todos os setores, com a ANEC relatando impactos limitados nas exportações de grãos, que têm a Ásia como principal destino.
Companhias marítimas
Grandes companhias marítimas como Hapag-Lloyd, Maersk, CMA CMG e MSC mudaram rotas para o Cabo da Boa Esperança, acrescentando 10-15 dias nas viagens Ásia-Europa. Portanto, eleva os custos de combustível em US$ 30 mil por dia, devido ao uso de múltiplos navios para compensar atrasos.
Entretanto, de acordo com o Oxford Economics os impactos serão curtos. Além disso, mesmo na situação mais desfavorável, considerando o Mar Vermelho fechado por vários meses, o impacto projetado na inflação para o ano de 2024 seria relativamente pequeno, representando apenas um acréscimo de 0,7 pontos percentuais nas taxas anuais de inflação.
