O Institute of International Finance (IIF) divulgou que, em 2023, a dívida global alcançou um valor sem precedentes de US$ 313 trilhões. Esse aumento representa um acréscimo de US$ 15 trilhões em relação ao ano anterior. A despeito do recorde nominal, a proporção da dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) mundial registrou uma leve redução, situando-se em 330%, o que marca a terceira queda consecutiva nesse indicador.
Redução na relação dívida/PIB
A diminuição na relação dívida/PIB foi impulsionada principalmente por países de mercados maduros, que viram essa proporção recuar pelo terceiro ano seguido. A tendência de queda nesse indicador, entretanto, desacelerou em 2023, refletindo uma desaceleração no crescimento econômico e na inflação.
Os mercados maduros, responsáveis por 55% do aumento total da dívida, viram suas maiores elevações nos Estados Unidos, França e Alemanha. Por outro lado, nos mercados emergentes, o destaque vai para China, Índia e Brasil, que lideraram o crescimento do endividamento.
Desafios nos mercados emergentes
Os mercados emergentes, por sua vez, apresentaram um recorde na relação dívida/PIB, atingindo 255%. Países como Índia, Argentina, China, Rússia, Malásia e Arábia Saudita registraram as maiores altas. Em contrapartida, Chile, Colômbia, Turquia e Polônia experimentaram quedas de aproximadamente 10 pontos percentuais nesse indicador.
Riscos geopolíticos e econômicos
O relatório do IIF também ressalta riscos geopolíticos e econômicos, como a fragmentação geoeconômica e o ressurgimento de blocos geopolíticos, que podem agravar o cenário de endividamento. Alerta-se para o aumento do protecionismo comercial e conflitos geopolíticos que podem intensificar as restrições nas cadeias de abastecimento e, consequentemente, elevar os gastos governamentais.
Perspectivas e alertas
Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, destaca que o debate sobre o endividamento global se intensificou após a pandemia de coronavírus. Com economias mais endividadas e juros mais altos, surgem preocupações sobre a sustentabilidade dessas dívidas no longo prazo. Campos Neto aponta para uma crescente necessidade de financiamento e pressão sobre os juros de mercado, o que pode agravar as vulnerabilidades econômicas dos países.
O aumento do endividamento global, portanto, lança um alerta para os desafios futuros na gestão da dívida e na sustentabilidade financeira mundial, exigindo atenção contínua dos governos e instituições financeiras internacionais.