A Universidade Federal de Viçosa (UFV), realiza um projeto de recuperação da biodiversidade de Brumadinho, em Minas Gerais, local marcado por um dos maiores desastres ambientais do Brasil. Através de uma técnica inovadora de DNA, conseguiram acelerar em dez vezes o florescimento das plantas nativas, em Brumadinho, essencial para o reflorestamento da área. O método não apenas mostra resultados promissores em Brumadinho, mas também se estende a outros ecossistemas críticos, como a Amazônia e o Cerrado.
O desastre de Brumadinho em 2019 deixou uma cicatriz profunda, com a perda de pelo menos 270 vidas e impactos ambientais devastadores em quase 300 hectares. A contaminação resultante tornou a água do rio Paraopeba imprópria para consumo, segundo portaria estadual. Em resposta, iniciativas de recuperação têm sido implementadas, com financiamento da Vale.
Neste cenário, o projeto da UFV destaca-se por sua abordagem inovadora no reflorestamento. O processo inicia-se com a coleta de DNA de plantas na área afetada, seguida pela técnica de enxertia, que promove o desenvolvimento das raízes e a reprodução das espécies originais do local. Esta abordagem assegura que o novo crescimento vegetal mantenha a integridade genética das plantas nativas.
Gleison Augusto dos Santos, pesquisador da UFV, enfatiza a importância dessa técnica para a recuperação ambiental, notando que mais de 30 espécies já foram beneficiadas. Após o enxerto, as mudas recebem tratamento hormonal para estimular o florescimento precoce. Isso permite que plantas, que naturalmente levariam anos para florescer, alcancem essa fase vital em apenas 6 a 12 meses, acelerando o processo de reflorestamento.
O sucesso desta técnica de DNA expandiu seu uso para além de Brumadinho, chegando até a Amazônia, onde é aplicada na regeneração de áreas no entorno da Usina de Belo Monte, e no Cerrado, auxiliando no reflorestamento de áreas em Minas Gerais. Além da Vale, a UFV colabora com diversas empresas, incluindo Anglo American, Gerdau Mineração, Vallourec, e a própria Hidrelétrica de Belo Monte, para levar a técnica a mais regiões necessitadas.
Desde o início da parceria com a Vale em junho de 2020, espécies como Jacarandá, Ipê, e Jequitibá foram mapeadas e estão sendo recuperadas. Com o projeto previsto para continuar até outubro de 2024, a expectativa é que milhares de mudas sejam plantadas, contribuindo para a recuperação dos 300 hectares afetados pelo desastre.