A Trafigura, importante comerciante de commodities suíça, reconheceu ter pago propina a funcionários brasileiros para assegurar contratos lucrativos com a Petrobras. A admissão veio como parte de um acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ), onde a empresa concordou em pagar US$ 127 milhões, divididos entre multa e confisco de ganhos ilícitos. Este montante corresponde ao total que a Trafigura havia reservado em dezembro para solucionar o caso.
O acordo, finalizado em um tribunal federal em Miami, implica no pagamento de uma multa de US$ 80,4 milhões e o confisco de US$ 46,5 milhões. A empresa estava sob investigação do DOJ devido às atividades de ex-funcionários e agentes no Brasil por um período de mais de 10 anos.
A Trafigura se junta a uma lista de grandes negociadores de commodities que admitiram práticas de suborno para encerrar investigações nos Estados Unidos. Esta confissão marca a primeira vez que a Trafigura admite tais práticas, apesar de suas principais concorrentes terem feito admissões semelhantes em anos anteriores.
O DOJ criticou a Trafigura por sua falta de cooperação inicial, destacando atrasos na preservação e entrega de documentos relevantes. Isso forçou o governo dos EUA a alocar mais recursos para obter provas adicionais antes que a empresa começasse a colaborar de maneira construtiva.
A Trafigura lucrou cerca de US$ 61 milhões com o esquema de suborno, que funcionava por meio de pagamentos ocultos a funcionários da Petrobras através de contas offshore. O esquema veio à tona com a Operação Lava Jato, na qual a Trafigura, ao lado de outras grandes traders como Vitol e Glencore, foi investigada por práticas similares de corrupção.
O esquema de suborno da Trafigura envolveu pagamentos de até US$ 0,20 por barril de produtos petrolíferos negociados com a Petrobras entre 2003 e 2014. A investigação dos EUA revelou uma prática prolongada de corrupção na indústria de trading de commodities, que é conhecida por sua influência na economia global e por operar com regulamentação limitada.
A Trafigura admitiu a prática de suborno no Brasil, confirmando envolvimento em atividades corruptas que não se limitam a um caso isolado. A confissão surge em meio a investigações que revelaram práticas semelhantes da empresa, incluindo um incidente passado relacionado à descarga de resíduos tóxicos na Costa do Marfim em 2006.
O CEO da Trafigura, Jeremy Weir, comentou sobre os incidentes, destacando ações da empresa visando melhorias internas. “Esses incidentes históricos não refletem os valores da Trafigura nem a conduta que esperamos de cada funcionário. Eles são particularmente decepcionantes, dados os nossos esforços sustentados ao longo de muitos anos para incorporar uma cultura de conduta responsável na Trafigura”, disse o CEO Jeremy Weir em comunicado.