No cenário internacional, uma nova frente de disputa ganha destaque: o fundo do mar. As profundezas do oceano, repletas de recursos minerais valiosos, tornaram-se palco de uma intensa competição entre empresas privadas e governos. Este cenário, marcado pela busca de minerais essenciais para a transição energética, reflete a crescente demanda por tecnologias sustentáveis.
A Zona Clarion-Clipperton, a Dorsal Mesoatlântica, o Oceano Índico e o noroeste do Pacífico emergem como áreas de interesse após a obtenção de licenças de exploração pela Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA). Esta corrida inclui grandes potências como China, Índia e Rússia, evidenciando a importância estratégica dos recursos minerais submarinos.
Enquanto 31 contratos de exploração foram concedidos pela ISA, com 17 focados na Zona Clarion-Clipperton, a extração efetiva de minerais ainda não se iniciou. Estes recursos, incluindo manganês, cobalto, níquel e cobre, são fundamentais para a fabricação de dispositivos voltados à energia renovável, como veículos elétricos e turbinas eólicas.
O aumento da demanda por estes minerais, evidenciado por projeções da Agência Internacional de Energia e do Banco Mundial, sinaliza a necessidade de expansão da mineração. Entretanto, a concentração da produção de minerais críticos em poucos países levanta preocupações sobre a segurança da cadeia de suprimentos global. A China, por exemplo, domina a produção e o processamento de vários destes minerais, o que desperta tensões geopolíticas.
Os Estados Unidos, não participantes da Convenção da ONU sobre o Direito do Mar, preparam-se para explorar seus próprios recursos marinhos, enquanto a China expande suas atividades de mineração para além de suas fronteiras, aumentando as preocupações entre seus concorrentes. A competição por esses recursos reflete questões econômicas, assim como, estratégias de segurança nacional.
A questão ambiental também surge como um ponto crítico. Cientistas e ativistas alertam para os possíveis danos que a mineração em águas profundas como os oceanos pode causar aos ecossistemas marinhos. Ainda há muitas incertezas sobre o impacto dessa atividade, o que levou um grupo de países a pedir uma moratória até que mais pesquisas sejam realizadas.
Apesar dos desafios, muitos países veem a exploração dos recursos do fundo do mar como uma oportunidade para a transição para uma economia verde. A ISA trabalha na regulamentação dessa atividade, buscando um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a proteção ambiental.
