A Polícia Federal do Brasil marcou um avanço no combate aos agrotóxicos ilegais em 2023, apreendendo 575 toneladas desses produtos, um aumento de quase 180% em relação ao ano anterior. Essa cifra, que supera as 207 toneladas apreendidas em 2022, reflete os esforços conjuntos de diversos órgãos federais para conter o avanço dessa prática nociva.
Ações coordenadas e desafios
Além da Polícia Federal, o Ministério da Agricultura e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) desempenharam papéis fundamentais nessa operação, com a PRF interceptando 6,5 toneladas de produtos ilegais apenas nos primeiros dois meses do ano. “Um gargalo é que muitas vezes as polícias não sabem identificar esses produtos. Precisam em alguns casos mandar para a perícia para ver se é cocaína. E se descobre só depois que era agrotóxico ilegal, dificultando o rastreio”, diz Luciano Barros, do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf).
Educação e prevenção
Para enfrentar esse obstáculo, iniciativas como o curso patrocinado pela CropLife, uma associação comercial internacional de companhias do agronegócio, na Universidade de São Paulo (USP) são essenciais. Este programa visa equipar policiais e fiscais com o conhecimento necessário para reconhecer e lidar adequadamente com agrotóxicos ilegais.
Rota do contrabando
Os agrotóxicos ilegais frequentemente entram no Brasil através de rotas de contrabando estabelecidas nos territórios do Paraguai, Bolívia e Uruguai, com uma parcela menor oriunda da Argentina. Essas rotas não só facilitam o tráfico de agrotóxicos, mas também de armas, drogas e cigarros, apontando para uma problemática de segurança ampla e complexa.
Destino final: incineração
Uma vez apreendidos, os agrotóxicos devem ser destruídos de maneira segura. Para isso, recorre-se a incineradoras especializadas, com o custo do processo sendo compartilhado entre órgãos governamentais e a indústria química. A CropLife, representante das empresas do setor, já contribuiu para a incineração de 1.114 toneladas desses produtos desde 2020, evidenciando o compromisso da indústria com a erradicação dessa ameaça.
Um esforço conjunto
O aumento nas apreensões de agrotóxicos ilegais em 2023 destaca tanto os desafios quanto os progressos realizados no combate a esse problema. Com a continuidade da capacitação de agentes e a cooperação entre os setores público e privado, o Brasil reafirma seu compromisso com a segurança alimentar e a proteção ambiental.