A empresa chinesa WuXi AppTec, fornecedora de medicamentos essenciais para os Estados Unidos, está sob investigação do Congresso dos EUA, que levanta questões sobre a segurança nacional e a proteção da propriedade intelectual. O debate surgiu após revelações de possíveis vínculos entre a WuXi e o governo chinês. Em resposta, um projeto de lei foi aprovado pelo Comitê de Segurança Interna do Senado, visando limitar a interação das empresas americanas com a WuXi.
A WuXi AppTec desempenha um papel indispensável no fornecimento de medicamentos no mercado americano, estando envolvida na fabricação de ingredientes principais para tratamentos de alta demanda, como câncer, obesidade e H.I.V. A empresa contribui com aproximadamente 25% dos medicamentos consumidos nos EUA, com receitas de suas operações americanas totalizando $3.6 bilhões em 2023.
A pressão exercida pelo Congresso sobre a WuXi causou preocupação na indústria farmacêutica, que já enfrenta uma escassez sem precedentes de medicamentos. Vários executivos da área biotecnológica advertiram que uma separação abrupta da WuXi poderia interromper o fornecimento de terapias importantes por anos.
O chefe de operações da WuXi AppTec nos EUA e Europa, Richard Connell, contestou as acusações contra a empresa, ressaltando que a WuXi opera sob as rigorosas regulamentações de diversas agências federais americanas. Ele reiterou que a empresa não foi sancionada nem considerada uma ameaça pela segurança nacional dos EUA.
WuXi também se beneficiou de incentivos fiscais para construir instalações de pesquisa e produção nos estados de Massachusetts e Delaware, fomentando empregos e promovendo o crescimento econômico local. Por exemplo, um centro da WuXi em Filadélfia trabalha em colaboração com firmas biotecnológicas americanas no desenvolvimento de terapias avançadas para cânceres de pele.
A resolução do projeto de lei que visa restringir a WuXi ainda é incerta, com emendas recentes buscando proteger os contratos existentes e evitar interrupções na cadeia de suprimentos. Diante dessa incerteza, empresas de biotecnologia e farmacêuticas já estão elaborando planos alternativos.
Peter Kolchinsky, sócio-gerente da RA Capital Management, destacou a dependência de várias empresas biotecnológicas nos serviços da WuXi, refletindo a importância da empresa no setor biotecnológico.
A desconfiança em relação à China também se estende para além do setor farmacêutico. A Lei CHIPS, que promove a fabricação de semicondutores nos EUA, é um exemplo das iniciativas para reduzir a dependência de operações estrangeiras em setores estratégicos.
O principal desafio para o Congresso e para a indústria é como gerenciar essas preocupações de segurança junto à necessidade de manter a disponibilidade e acessibilidade de medicamentos vitais para a população americana. O setor biotecnológico aguarda decisões legislativas que promovam uma transição segura e ordenada, minimizando impactos adversos na pesquisa e no tratamento médico.