A Gerdau, uma das gigantes do setor siderúrgico no Brasil, está promovendo uma iniciativa inovadora para impulsionar a representatividade negra em cargos de liderança. Com quase metade dos 18 mil funcionários no país sendo negros, a empresa reconhece a importância de fomentar o desenvolvimento profissional desses colaboradores. Segundo Carla Fabiana Daniel, gerente global de diversidade e inclusão da Gerdau, apesar da expressiva presença negra na operação industrial, essa representatividade diminui consideravelmente nos níveis hierárquicos superiores.
No ano passado, a Gerdau lançou o programa Potências, visando alavancar as carreiras de lideranças negras por meio de mentorias. Tatiana Gomes Torres Silva, promovida a gerente de projetos de engenharia após participar do programa, destaca a importância de ter tido Flavia Dias, diretora global de suprimentos da empresa, como mentora. Ela enfatiza que o compartilhamento de experiências e a interação com líderes influentes foram fundamentais para seu crescimento profissional.
Essa iniciativa foi desenvolvida em parceria com a consultoria Singuê, reconhecida pelo trabalho com outras grandes empresas, como Nubank, Natura e Netflix. Segundo Eliezer Leal, sócio-fundador da Singuê, a baixa mobilidade social no Brasil limita frequentemente as oportunidades de ascensão para pessoas negras, o que impacta não apenas a renda individual, mas também o desenvolvimento do país e os resultados empresariais.
Processo
O programa Potências busca aumentar a representatividade negra nos cargos de liderança da Gerdau, com a meta de atingir 30% até 2025. Para participar, os colaboradores devem ter pelo menos um ano de empresa e três anos de experiência em cargos iniciais de liderança. Além disso, há um compromisso com a inclusão das mulheres negras, representando pelo menos 30% dos mentorados. A empresa também mantém o programa global Helda Gerdau, voltado para o desenvolvimento de mulheres para cargos gerenciais.
Durante o programa Potências, os participantes têm a oportunidade de discutir como o racismo pode afetar as carreiras, participar de mentorias coletivas com o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, e ter sessões individuais com seus mentores designados. Essa abordagem não apenas beneficia os participantes, mas também contribui para o desenvolvimento de lideranças mais inclusivas e conscientes dentro da organização, conforme ressalta Talita Matos, fundadora da Singuê e especialista em diversidade, equidade e inclusão.