O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que o país foi responsável por diversos crimes durante a era da escravidão transatlântica e o período colonial. Ele falou sobre a necessidade de reparações em um evento recente com correspondentes estrangeiros.
Por mais de quatro séculos, aproximadamente 12,5 milhões de africanos foram sequestrados e vendidos como escravos, principalmente no Brasil e no Caribe. Portugal foi responsável pelo tráfico de quase 6 milhões desses indivíduos, mais do que qualquer outra nação europeia. No entanto, a história do envolvimento português na escravidão transatlântica raramente é abordada nas escolas do país.
Durante a era colonial, que é frequentemente considerada um período de orgulho em Portugal, nações como Angola, Moçambique, Brasil, Cabo Verde e Timor Leste estiveram sob o domínio português. Marcelo Rebelo de Sousa enfatizou que a nação “assume total responsabilidade” pelos erros cometidos e mencionou que crimes, incluindo massacres coloniais, precisam ser contabilizados.
“Temos que pagar os custos”, disse o presidente. Ele questionou sobre ações não punidas e bens saqueados que não foram devolvidos, sugerindo a necessidade de explorar formas de reparação.
A discussão sobre reparações pela escravidão transatlântica ganha força globalmente, com debates sobre a criação de um tribunal especial para tratar da questão. Ativistas defendem que políticas públicas para enfrentar desigualdades e racismo sistêmico resultantes do passado colonial são fundamentais.
No ano passado, Rebelo de Sousa mencionou que Portugal deveria pedir desculpas pela escravidão e pelo colonialismo, mas evitou fazer um pedido formal de desculpas. Ele ressaltou que reconhecer os erros e assumir a responsabilidade é mais importante do que simplesmente pedir desculpas. “Pedir desculpas é a parte mais fácil”, afirmou.
Embora detalhes específicos sobre como as reparações serão realizadas ainda não tenham sido divulgados, esta é a primeira vez que um presidente de Portugal reconhece formalmente a responsabilidade do país pelos crimes cometidos durante sua história colonial.