O seminário realizado na sede da indústria paulista na terça-feira (24/4) destacou as crescentes oportunidades de negócio entre Brasil e Paraguai, com foco na Lei de Maquila e iniciativas de conectividade e logística do Paraguai. Este evento marcou uma fase de intensificação das relações bilaterais, com o Brasil se posicionando como o maior investidor estrangeiro no Paraguai, além de ser um dos principais importadores de sua energia elétrica, principalmente devido a Itaipu.
Visão de Lideranças Industriais
Javier Gimenez, Ministro da Indústria e Comércio do Paraguai, delineou o cenário atual de parcerias empresariais e oportunidades emergentes, destacando o aumento dos investimentos brasileiros no país. Rafael Cervone, vice-presidente da Fiesp e presidente do Ciesp, refletiu sobre as oportunidades ampliadas no contexto do Mercosul, especialmente pós-pandemia, destacando a reconfiguração das cadeias de valor regionais e globais.
Infraestrutura e Educação
A discussão também cobriu a sinergia entre tecnologia, inovação e infraestrutura logística, com Cervone enfatizando a importância estratégica da indústria em superar desafios críticos e promover desenvolvimento. A localização mediterrânea do Paraguai foi citada como um ponto de desafio e vantagem, destacando a sua capacidade de mover milhões de toneladas via sua frota de mais de 3 mil barcaças.
Projetos de Corredor Bioceânico
O corredor bioceânico, que visa conectar o Atlântico ao Pacífico, foi um tema chave, com Gimenez apontando os benefícios para os portos brasileiros de Santos e Paranaguá e os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Este projeto pretende cruzar o Chaco paraguaio até Carmelo Peralta, fornecendo uma nova rota logística para Argentina, Peru e Chile.
Reformas e Ambiente de Negócios
O Paraguai busca simplificar e desburocratizar procedimentos para estimular o comércio e investimento, enfrentando desafios como as filas de caminhões na fronteira de Foz do Iguaçu. Óscar Mersan, vice-presidente da Câmara de Comércio Paraguai-Brasil, reiterou que a Lei de Maquila é crucial para facilitar negócios e atrair investidores estrangeiros, enfatizando a posição estratégica do Paraguai no Mercosul.
Sustentabilidade e Energia
Por fim, foi discutida a matriz energética limpa do Paraguai, que inclui iniciativas de geração solar e biometano, além de fomentar a produção de biocombustíveis. Estas políticas visam não só a sustentabilidade, mas também a integração de políticas públicas que fortalecem a indústria e o comércio, destacou Gimenez, que encerrou solicitando que os empresários vejam o Paraguai como uma oportunidade, não como concorrência.
Setor Primário
No Paraguai, metade da força de trabalho está empregada no setor primário, com destaque para a agricultura, onde cultiva-se apenas uma pequena fração das terras aráveis. A produção agrícola é diversificada, incluindo soja, milho, cana-de-açúcar, mandioca, arroz, trigo, laranja, erva-mate e sorgo, entre outros. O país se destaca como um dos principais exportadores de soja, ocupando a sexta posição mundial em 2018, com uma produção de 11 milhões de toneladas.
Além da agricultura, a pecuária também é vital, com a criação de gado bovino, porcos, carneiros, cavalos e aves predominando. A exploração de madeira e a pesca artesanal também são praticadas, aproveitando-se os recursos naturais abundantes.
No setor de mineração, o Paraguai tem ganhado destaque com descobertas recentes de grandes reservas de minerais como urânio, titânio, ouro, cobalto, níquel e cromo, além de um potencial inexplorado em petróleo e pequenas jazidas de ferro, manganês e cobre. Estes desenvolvimentos têm atraído o interesse de investidores estrangeiros, posicionando o Paraguai como um emergente centro de mineração na América Latina.