A expectativa no mercado financeiro é que a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em setembro, resulte em um aumento de 0,25% na taxa Selic. Essa previsão é praticamente unânime entre economistas e especialistas da área, que já estão se preparando para os impactos dessa possível decisão. Conforme publicado por Lauro Jardim, do O Globo, um executivo bem posicionado na Faria Lima comentou: “Se houver divergência, isso pode explodir a curva da inflação e enfraquecer o discurso de coesão da diretoria do Banco Central, liderado por Roberto Campos Neto.”
Novo Presidente do BC
A direção do Banco Central (BC) tem estado sob constante observação, especialmente com os recentes movimentos internos. Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não tenha oficializado Gabriel Galípolo como novo presidente do BC, o economista já está informalmente conduzindo parte da agenda de 2025 do banco. Muitos chefes de departamento do BC estão se reportando diretamente a Galípolo, com o consentimento de Campos Neto, o que indica uma transição de poder já em curso.
Com a maior probalidade da nomeação de Gabriel Galípolo à presidência do BC, os nomes mais cotados para substituir sua atual posição na diretoria de Política Monetária são Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco, e Roberto Paris, chefe da Tesouraria do mesmo banco. A escolha para esta diretoria é crucial, pois o cargo é responsável por comandar operações diárias de câmbio e juros futuros, sendo uma das posições mais sensíveis dentro do BC.
Opinião Contrária
Apesar da expectativa de aumento da Selic, há vozes discordantes. Geldo Machado (foto), presidente do grupo financeiro ValorizeCred e do Sindicato das Sociedades de Fomento Mercantil (Sinfac) que abrange os estados do Ceará, Piauí, Maranhão e Rio Grande do Norte, expressou sua opinião contrária ao possível aumento. Segundo Machado, a taxa Selic não deveria ser elevada, sugerindo que isso poderia prejudicar ainda mais o cenário econômico.
“Acreditamos que uma elevação da Selic neste momento poderá dificultar ainda mais o acesso ao crédito e inibir o crescimento econômico, especialmente para as pequenas e médias empresas. O mercado precisa de estabilidade, e uma alta na taxa de juros traria mais incertezas do que benefícios”, comentou o ex-banqueiro.
O cenário atual reflete uma tensão entre as previsões do mercado e as possíveis divergências dentro da própria diretoria do Banco Central. Com a expectativa de uma decisão unânime, qualquer sinal de desacordo pode ter implicações significativas, não apenas para a inflação, mas também para a percepção de coesão dentro do BC, que é essencial para a credibilidade da instituição.