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Cúpula China-África 2024: o que está por trás dos acordos bilionários?

Cooperação entre China e África em foco. Foto ilustrativa, capturada no Fórum Econômico Mundial na Etiópia, em 2012. (Foto: Divulgação/Wikimedia Commons)
Cooperação entre China e África em foco. Foto ilustrativa, capturada no Fórum Econômico Mundial na Etiópia, em 2012. (Foto: Divulgação/Wikimedia Commons)
Cooperação entre China e África em foco. Foto ilustrativa, capturada no Fórum Econômico Mundial na Etiópia, em 2012. (Foto: Divulgação/Wikimedia Commons)
Cooperação entre China e África em foco. Foto ilustrativa, capturada no Fórum Econômico Mundial na Etiópia, em 2012. (Foto: Divulgação/Wikimedia Commons)

Pequim se prepara para sediar a cúpula africana de 2024, que ocorrerá de quarta (4) a sexta-feira (6). Este evento marca um esforço estratégico da China para recalibrar seus laços econômicos e comerciais com o continente africano. A cúpula acontece em um momento em que as restrições ocidentais aos produtos chineses, como veículos elétricos e painéis solares, estão prestes a entrar em vigor. No entanto, as nações africanas podem não se alinhar completamente com os objetivos de Pequim.

Cooperação entre China e África e a estratégia de Pequim

Nesta semana, a China receberá 50 nações africanas em Pequim para uma cúpula destinada a fortalecer as relações econômicas e comerciais. A China buscará convencer os líderes africanos a aceitar mais de seus produtos. Trata-se de um esforço para realizar acordos antes que as restrições ocidentais às exportações chinesas se tornem efetivas. Em troca, Pequim promete novos empréstimos e investimentos. No entanto, os líderes africanos exigirão respostas claras sobre promessas não cumpridas. Isso inclui a compra de US$ 300 bilhões em mercadorias, prometida na cúpula anterior, em 2021. Além disso, buscarão garantias sobre o andamento de projetos de infraestrutura financiados pela China, muitos dos quais permanecem inacabados.

A mudança de prioridades da China

A China, o maior credor, investidor e parceiro comercial da África, está alterando suas prioridades no continente. Pequim está se afastando de projetos de grande escala, como pontes, portos e ferrovias. Nesse sentido, o país está se concentrando em vender tecnologias avançadas e verdes, áreas nas quais as empresas chinesas têm investido pesadamente. Com as restrições ocidentais às exportações chinesas se aproximando, a principal preocupação da China é encontrar compradores para seus veículos elétricos e painéis solares. Além disso, Pequim busca estabelecer bases de produção em mercados emergentes. Trata-se de uma tentativa de superação das limitações impostas pelos Estados Unidos e União Europeia.

Ajustes nos empréstimos e foco em tecnologia verde

Nos últimos anos, a China tem ajustado as condições de seus empréstimos para a África. Isso implica em mais recursos para projetos de energia solar, fábricas de veículos elétricos e instalações de Wi-Fi 5G. Em 2023, foram oferecidos 13 empréstimos, totalizando US$ 4,2 bilhões para oito estados africanos e dois bancos regionais. Desses, cerca de US$ 500 milhões foram direcionados para projetos hidrelétricos e solares. Isso demonstra a nova ênfase da China em tecnologias verdes.

Disputa geopolítica e relações com a África

Quando o presidente Xi Jinping abrir o nono Fórum da Cúpula de Cooperação China-África, ele destacará o interesse da China em conectar os países africanos ao seu crescente setor de energia verde. Delegados de quase todos os estados africanos estarão presentes. A única exceção é Eswatini, que não mantém laços com Pequim. Enquanto isso, potências geopolíticas rivais, como os Estados Unidos e a União Europeia, também têm aumentado seus esforços para fortalecer relações com a África, reconhecendo a importância estratégica do continente.

Desafios e expectativas dos líderes africanos

Apesar do crescente papel da China como parceira financeira e comercial, líderes africanos estarão atentos às condições impostas por Pequim. A China deseja discutir o aumento do comércio e o acesso a minerais essenciais, como cobre, cobalto e lítio, em países como Botsuana, Namíbia e Zimbábue. Contudo, o entusiasmo chinês em conceder novos empréstimos pode ser atenuado por preocupações com a segurança e instabilidades regionais. O recente conflito entre Níger e Benin, que resultou na morte de soldados nigerianos, e os protestos no Quênia contra aumentos de impostos são exemplos de fatores que podem impactar as decisões chinesas.