O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, revelou no domingo (13) o apoio às reformas econômicas lideradas pelo governo argentino de Javier Milei. Em um artigo publicado no Financial Times, o presidente do banco destacou avanços fiscais recentes e anunciou que o BID disponibilizará mais de US$ 3,8 bilhões em créditos para a Argentina até o final de 2024.
Progresso fiscal e desafios sociais do governo Milei
Ilan Goldfajn afirmou que, nos primeiros sete meses do governo Milei, houve avanços na economia. De acordo com ele, o governo converteu o déficit primário de 2,9% do PIB, registrado no final de 2023, em um superávit de 1,5% até agosto de 2024. No entanto, esses avanços exigiram cortes profundos nos gastos públicos, aumentos nas tarifas de serviços e aplicação de impostos especiais.
Apesar dos resultados positivos nas contas públicas, o presidente do BID enfatizou a importância de manter a eficiência nos gastos e direcionar recursos para proteger a população mais vulnerável.
“O gasto público tem que ser mais eficiente e equitativo”, afirmou Ilan Goldfajn.
O ajuste fiscal, porém, contrasta com um cenário social desafiador. O Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) informou que 52,9% dos argentinos estavam em situação de pobreza no primeiro semestre de 2024, agravando a crise social. Os números representam um aumento em relação ao final de 2023.
Novos financiamentos do BID e BID Invest
O presidente do banco também elogiou a simplificação regulatória promovida pelo governo de Javier Milei, destacando o potencial da Argentina para atrair investimentos privados. Segundo ele, o país tem vantagens estratégicas por ser um grande produtor de alimentos. Além disso, possui a terceira maior reserva mundial de lítio, setores que podem impulsionar o crescimento econômico.
Nesse contexto, o BID anunciou novos financiamentos. Do total previsto, US$ 2,4 bilhões serão destinados ao setor público, enquanto o BID Invest, braço privado da instituição, investirá US$ 1,4 bilhão em mais de 20 projetos nos próximos dois anos. As prioridades incluem agronegócio, infraestrutura, energia e mineração.
“A colaboração entre setor público e privado, associada à simplificação regulatória, é essencial para criar um círculo virtuoso de estabilidade e crescimento sustentável”, explicou Ilan Goldfajn. Ele concluiu dizendo que “o passado não precisa ser um prólogo para a Argentina”.
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Crise social: crescimento da pobreza e indigência
Apesar dos avanços econômicos, a pobreza continua crescendo, exercendo pressão sobre o governo de Milei. De acordo com o Indec, 15,7 milhões de argentinos — 52,9% da população — estavam abaixo da linha da pobreza no primeiro semestre de 2024.
Nos primeiros seis meses da nova gestão, 3,4 milhões de pessoas caíram na faixa da pobreza. É um aumento de 11,2 pontos percentuais em comparação ao segundo semestre de 2023. Além disso, 18,1% da população, o equivalente a 5,4 milhões de pessoas, encontra-se em situação de indigência, sem acesso suficiente a alimentos para atender às necessidades básicas diárias.
A inflação anual de 209%, somada à desvalorização da moeda e à escassez de reservas internacionais, agrava o cenário. Por fim, esses fatores aumentam a pressão sobre de governo Javier Milei para equilibrar os ajustes econômicos com políticas sociais eficazes.